Católico e muçulmana casaram em igreja de Fátima
Toni Jorge, natural de Fátima, católico, casou com uma muçulmana na Igreja Matriz onde casaram os seus pais e onde toda a família foi baptizada.
Noivos pretenderam demonstrar que deve haver tolerância e compatibilidade entre religiões.
Toni Jorge, 39 anos, católico, e a tunisina Oumayma, 36, muçulmana, casaram pela Igreja Católica em Fátima, para mostrar a outros casais de religião mista que o matrimónio é possível. A cerimónia aconteceu na Igreja Matriz de Fátima, no concelho de Ourém, e, para os noivos, o acto comprova a abertura da Igreja Católica, dando um “sinal de tolerância” e de “compatibilidade entre as duas religiões”.
A relação entre ambos começou em Março de 2020, em Espanha, quando celebravam os respectivos aniversários em Sevilha. A pandemia e a distância - moram em França, em cidades afastadas por centenas de quilómetros - tornaram difícil o namoro. Em dezembro de 2022, surgiu o pedido de casamento de Toni. A diferença de credos foi irrelevante na decisão, tanto dele como dela. “Somos ambos crentes, eu acredito em Deus, ela acredita em Deus. Temos diferentes religiões, mas sabemos que ambas têm os mesmos valores. Isso é o mais importante. Não importa se rezamos de forma diferente ou não”, explicam.
Toni Jorge, que nasceu em França, filho de pais emigrantes, naturais de Fátima, tinha um desejo extra: celebrar a união na cidade da família. “Sendo eu português e de Fátima, esta Igreja Matriz tem muito simbolismo para mim. Os meus pais foram baptizados aqui, casaram aqui, e eu e os meus irmãos também fomos batizados aqui. Sempre tive a ideia de casar aqui”, assumiu. Confrontados com o desejo do filho de casar com uma muçulmana em Fátima, os pais de Toni reagiram com cepticismo, mas por outro motivo: “disseram que estava doido, que o padre nunca iria aceitar!”, afirmou à Lusa Toni Jorge. Oumayma lembra-se de que todos os amigos lhes diziam o mesmo. Mas o noivo não desistiu e foi falar com o pároco. “Foi muito acolhedor. Disse que faziam casamentos mistos e que bastava que um de nós fosse católico e baptizado”, lembrou a noiva.