Enfermeiros gestores do Hospital de VFX ameaçam demitir-se
Enfermeiros com funções de gestão no Hospital de Vila Franca de Xira dizem estar no limite das suas capacidades físicas e mentais e queixam-se da falta de condições de trabalho, diz o sindicato que representa aqueles profissionais.
A maior afluência de doentes ao serviço e falta de melhores condições de trabalho está a levar os enfermeiros com funções de gestão no Hospital de Vila Franca de Xira a ponderarem a demissão do cargo, revela o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Guadalupe Simões, dirigente sindical, revelou na última semana que a demissão dos cargos está a ser seriamente ponderada por quem ali trabalha, “como forma de pressão sobre a administração do hospital e sobre o governo” para que as várias reivindicações do sindicato sejam ouvidas.
O SEP emitiu entretanto um comunicado na última semana a avisar que o serviço de urgência do hospital “está em ruptura” e que quem ali trabalha está no limite da sua capacidade física e mental, fruto do que diz ser o elevado ritmo de trabalho, das horas extraordinárias programadas, “das sucessivas alterações de horário e do agravamento da degradação das condições físicas de trabalho”. O sindicato sublinha que a pandemia já tinha levantado um grande desafio para a equipa de enfermagem, o que a levou ao limite.
“A análise da situação actual do serviço de urgência não pode ser desligada do que foram as sucessivas decisões tanto da antiga gestão PPP, como do actual conselho de administração”, critica o sindicato, dando como exemplo a decisão de criar duas novas Salas de Observação que, para os enfermeiros, “provocaram um aumento significativo do número de enfermeiros por turno o que não se reflectiu no número de enfermeiros total do serviço”.
Na mesma nota, o sindicato lembra que após o levantamento do estado de emergência em Abril de 2021 vários enfermeiros saíram do serviço e não foram repostos atempadamente, ficando o mapa de pessoal a sofrer de um défice. “A passagem de testemunho entre administrações não foi planeada atempadamente nem foi ao encontro das necessidades dos enfermeiros do hospital e, neste caso particular, dos enfermeiros do serviço de urgência”, critica o SEP.
Progressos só com luta
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses critica a administração do hospital considerando que logo após a passagem da unidade ao estatuto de Entidade Pública Empresarial (EPE) deveriam ter sido tomadas medidas que visassem responder às necessidades dos enfermeiros. “Desde logo a subscrição dos Instrumentos de Regulação Colectiva de Trabalho, que só foi conseguida a muito custo pela luta incessante dos enfermeiros e restantes trabalhadores do HVFX”, critica.
No final de Maio os enfermeiros do hospital voltaram a estar em greve, como O MIRANTE noticiou, com uma adesão superior a 80%, reivindicando a criação de condições de trabalho que favoreçam a fixação e contratação de enfermeiros. Entre as exigências estão a contagem de todos os anos de serviço para efeitos de progressão, a harmonização de dias de férias, a regulação dos horários de trabalho e o respeito pelos tempos de descanso. Nessa acção de protesto foram entregues 240 postais à administração subscrevendo as exigências dos trabalhadores.