Bispo acredita que fiéis vão habituar-se ao polémico novo altar da Sé de Santarém
As novas peças em pedra mármore foram contestadas por alguns sectores, mas o bispo de Santarém, D. José Traquina, desdramatiza a polémica. E diz que sendo criações dos dias de hoje é natural que tenham traços de modernidade.
O bispo de Santarém acredita que com o tempo os fiéis vão habituar-se ao novo altar e ambão da Sé de Santarém, inaugurados no dia 16 de Julho sob alguma polémica. As peças esculpidas em pedra mármore não reuniram consenso e houve quem considerasse que não casam bem com o estilo barroco da igreja. “Penso que, com o tempo que advém, também nos vamos tornando melhor apreciadores daquela peça, daquela obra”, disse D. José Traquina à Agência Ecclesia, considerando que sendo uma criação dos dias de hoje “tinha que corresponder à arte moderna, com os traços de modernidade”.
O novo altar e o novo presbitério da Sé de Santarém foram desenhados e concebidos por monges do Mosteiro Beneditino de Singeverga e as peças foram executadas pelo escultor Paulo Neves. A Diocese de Santarém deu início no dia 16 de Julho ao Jubileu dos 50 anos da sua criação com uma Missa na catedral, onde foi dedicado o novo altar e inaugurado o novo presbitério da Sé. “Aproveitou-se também o cinquentenário para pensar em colocar um altar que fosse feito de propósito para a Sé, e fosse dedicado dentro da própria Sé. Era oportuno e resolveu-se fazer”, disse D. José Traquina à Agência Ecclesia, explicando que a catedral não teve um altar próprio quando foi constituída a diocese, tendo o altar sido levado de outra igreja para a Sé.
Na última edição, o MIRANTE noticiou que a instalação de um altar, ambão, presidência e cátedra esculpidos em blocos de pedra foi considerada por algumas vozes críticas como totalmente inadequadas ao espaço, barroco. “A Sé de Santarém foi nas últimas semanas fustigada com uma alteração verdadeiramente abominável que vai contra todo e qualquer tipo de recomendação feito no que toca à preservação e manutenção de património”, reclamava em mensagem enviada a O MIRANTE um crítico que assinava como Carlos B. Tavares.
A obra foi levada avante pelo prior da Sé, padre Joaquim Ganhão, que a O MIRANTE admitiu que já esperava algumas críticas e resistência à mudança. “Claro que tínhamos noção de que as pessoas estavam afeiçoadas àquele figurino e a arte nunca foi pacífica e susceptível de ser acolhida muito rapidamente” disse o sacerdote, que tem obra feita na preservação do património eclesiástico e é director do Museu Diocesano. O sacerdote contextualiza que aquando da criação da Diocese de Santarém, há 50 anos, improvisou-se para a Sé um altar a partir de outras peças, algumas de outras igrejas, e que esteve lá durante este meio século. “Mas o fito era sempre colocar uma coisa mais sólida e segundo as regras da liturgia”, ressalva, notando que as peças em pedra “não afectam a integridade, autenticidade e nem desfiguram o património em presença”.