Tensões entre direcção e comando provocam demissões nos Bombeiros da Golegã
Divergências internas levaram à saída de vários elementos da direcção dos Bombeiros Voluntários da Golegã. O presidente não se demitiu mas colocou o cargo à disposição do presidente da assembleia-geral, que vai discutir a situação e avaliar possíveis listas alternativas. A crise directiva não compromete as operações de emergência, garante o líder do município.
Parte da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Golegã (AHBVG) apresentou a demissão no dia 7 de Outubro devido a “crispações” com o comando, disse à Lusa o presidente da corporação. Mário Rodrigues referiu que pressões diárias e a resistência a novas formas de trabalhar foram alguns dos factores que contribuíram para a saída da direcção da AHBVG.
O presidente da associação humanitária reconhece que a pressão do dia-a-dia, especialmente quando há necessidade de se mexer em pessoas e em métodos ou modos de funcionamento, gerou alguma crispação entre os membros da direcção e o comando. “Está relacionada com a pressão do dia-a-dia. Quando se mexe em pessoas, em modos de funcionamento, em métodos instalados que é preciso renovar e actualizar para os dias de hoje, os membros da direcção não resistem em alturas de pressão e origina crispação. Há associações que têm mais velocidade para as coisas e outras que têm menos”, afirmou.
Mário Rodrigues criticou a lei que regula a relação entre a parte operacional e as direcções das corporações de bombeiros por não ser clara o suficiente, criando zonas de conflito e falta de definição de responsabilidades, o que contribui para a instabilidade e conflitos internos. “A legislação que existe em relação à corporação de bombeiros, à parte operacional e das direcções, a lei não ajuda nada e facilita o aparecimento de zonas de conflito, zonas em que não é carne nem peixe. A lei (…) tem que impor fronteiras e responsabilidades”, defendeu.
O presidente destaca ainda “o desequilíbrio entre a crescente exigência de profissionalismo” na actuação dos bombeiros e o facto de estas associações funcionarem com base no voluntariado. Segundo o responsável, é exigido às corporações gestão a nível empresarial”, o que gera tensões, uma vez que a mentalidade e o funcionamento das associações ainda têm elementos de “colectividade” e “amadorismo”.
Apesar de não ter apresentado a demissão, Mário Rodrigues colocou o cargo à disposição do presidente da assembleia-geral, que vai discutir a situação e avaliar possíveis listas alternativas no início da próxima semana.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara da Golegã, António Camilo, afirmou que se trata “de uma situação normal que acontece em todas associações” e garante que as operações de emergência não serão afectadas”. “A demissão não vai afectar, em termos operacionais. Qualquer eventualidade está assegurada. Vamos pedir uma ajuda suplementar em caso de não funcionar, mas na Golegã temos a retaguarda, com o comando sub-regional sob aviso”, revelou.