
Granja em pé de guerra contra vacaria às portas da aldeia
A população da Granja, em Vialonga, manifestou-se contra a instalação de uma exploração pecuária junto à aldeia, numa zona frequentemente afectada por cheias. O protesto envolveu confrontos verbais com o proprietário e levou à presença da GNR no local. Apesar do embargo, continuam os trabalhos no terreno e os moradores ponderam avançar para tribunal.
Os ânimos exaltaram-se durante o protesto dos moradores da Granja contra a instalação de uma exploração pecuária às portas da aldeia. Mais de meia centena de pessoas juntaram-se na manhã de sábado, 10 de Maio, à entrada do terreno, conhecido como Lezíria das Madrugas, uma zona ameaçada por cheias. Durante o protesto, chegou ao local o proprietário, Francisco Clamote, que trocou palavras acesas com a população. “Resolvam os problemas nos tribunais. Querem andar em manifestações, andem, não há problema nenhum”, afirmou.
A população não se conforma e pondera avançar para tribunal. O objectivo é interpor uma providência cautelar através do tribunal cível, uma vez que continua a haver movimentação de terras no terreno onde se pretende instalar o negócio. Nos cartazes lia-se: “Vacaria a 100 metros das habitações, o povo diz vacaria na Granja não”; “Não vamos parar de lutar”; ou “Vacaria a 300 metros da escola primária não”. Os moradores não querem a vacaria instalada junto às suas casas, perto da escola e em plena lezíria, numa zona frequentemente afectada por cheias.
Imune aos protestos, uma máquina continuava a movimentar terras dentro da propriedade, para revolta da população. “A única maneira de travar isto é na justiça, porque este indivíduo já ultrapassou todos os limites. Já tapou todas as linhas de água e continua a aterrar as terras. É inadmissível”, disse João Pedro.
De acordo com João Nisa, a cota do terreno deveria estar a 4,5 metros, mas encontra-se a 7,0. “Se houver cheias, a situação complica-se. Toda a população da Granja, Alpriate e Vialonga vai apanhar com o cheiro das vacas, incluindo as empresas e os trabalhadores aqui à volta. Quem trabalha nestes armazéns, com a porta aberta, vai levar com os mosquitos. Vai mexer com os moradores e não só”, alertou, apelando à mobilização popular.
Exploração pecuária
teve luz verde do Governo
O presidente da Junta de Freguesia de Vialonga, João Tremoço, marcou presença no protesto e garantiu ter em sua posse um documento das Finanças que comprova o embargo da obra. O autarca relatou que, durante a semana, foram depositadas terras no local, em vez de serem retiradas. “Neste momento a situação está grave. O proprietário tem conhecimentos que nos ultrapassam e a população tem de se juntar. Temos 19 km² de freguesia, temos vários terrenos, para quê fazer isto junto à população?”, lamentou.
Recorde-se que os moradores já tinham avançado com um abaixo-assinado contra a exploração pecuária, que foi legalizada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) e pelo Ministério da Agricultura. Segundo João Tremoço, a CCDR-LVT ainda não respondeu às questões enviadas pelos autarcas. E, por essa razão, a Câmara de Vila Franca de Xira está a preparar uma exposição formal para apresentar à entidade. O proprietário referiu a O MIRANTE que cumpre com a legalidade e que a obra não está embargada.
Alguns moradores têm apresentado queixas contra a exploração junto da GNR, por e-mail e telefone. No dia do protesto, chamaram novamente as autoridades, mas a GNR alegou não ter consigo qualquer documentação que comprovasse o embargo da obra.
O MIRANTE contactou a CCDR-LVT para obter mais esclarecimentos, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.
