
Candidato à União de Freguesias de Torres Novas está acusado de violência doméstica
Nuno Vasco, escolha da coligação PSD/CDS-PP para a União de Freguesias de Torres Novas, está acusado pelo Ministério Público de agredir, humilhar e intimidar a ex-namorada. Líder da coligação defende princípio da presunção da inocência.
O candidato da AD - Tempo de Avançar (PSD/CDS-PP) à União de Freguesias de Torres Novas (São Pedro), Lapas e Ribeira Branca, Nuno Vasco, é arguido e foi acusado pelo Ministério Público (MP) de um crime de violência contra a ex-namorada, enfermeira de profissão, residente em Torres Novas. Caso venha a ser condenado por violência doméstica, o MP pede que lhe sejam aplicadas penas acessórias de proibição de contactos com a vítima, afastamento da sua residência e local de trabalho e de obrigação de frequência de programas específicos de prevenção de violência doméstica.
Segundo a acusação, à qual O MIRANTE teve acesso, o MP descreve que o arguido, movido por ciúmes “desferiu uma cotovelada” à ofendida, “atingindo-a na zona do peito, causando-lhe dores e ferimentos, como hematoma”. Noutras situações, é descrito, empurrou-a e apertou-lhe o pescoço, provocando-lhe dificuldades em respirar e agarrou-lhe os braços com força, causando-lhe dor.
Ainda de acordo com a acusação do MP, num outro dia, em que a ofendida se encontrava a dormir, o arguido “desferiu[-lhe] uma bofetada na face” agarrando-a de seguida pelos braços, com força, causando-lhe dor e ferimentos, como hematomas. Enquanto se tentava soltar, o arguido “desferiu um pontapé” que a atingiu na face, causando-lhe uma fractura nasal. No dia seguinte, a vítima procurou assistência médica no Hospital do Entroncamento, onde foi sujeita a exame pericial e se comprovou que tinha uma fractura do osso nasal e esquimoses espalhadas pelos braços.
A enfermeira, após este episódio, terminou a relação amorosa, mas segundo a acusação a violência não parou por aqui. O arguido “não se conformou com o final da relação de namoro” e “passou a efectuar várias chamadas e a enviar mensagens à ofendida” durante o dia e noite, entre uma e quarenta mensagens por dia, às quais não tinha resposta. Deslocava-se também a casa dela, de madrugada, “perturbando-a e intimidando-a”, tendo chegado a bater à porta uma vez e a deixar-lhe flores. Perante esta conduta, o Ministério Público entende que Nuno Vasco tinha intenção de “provocar medo, prejudicar e limitar os movimentos” da ofendida, revelando “desconsideração e desprezo pela mesma”.
Considerando que Nuno Vasco “agiu consciente e voluntariamente”, “com propósito concretizado de, por forma repetida e continuada, maltratar a ofendida, ofendendo-a na sua integridade física e psicológica, provocando-lhe dores, ferimentos, sofrimento […] e lesões verificadas”, o Ministério Público acusa-o de um crime de violência doméstica. Entende ainda o MP que o arguido agiu com “propósito de insultar e ofender a ofendida na sua honra, humilhando-a na qualidade de mulher, o que pretendia, levando-a a manter uma baixa auto-estima”.
Nuno Vasco apresentou queixa depois de saber que era arguido
O número um da lista da AD àquela assembleia de freguesia apresentou denúncia contra a ex-namorada, dois dias depois de ter sido constituído arguido, mas o MP considerou que “a versão do denunciante não merece credibilidade” e que apresentou a denúncia como forma de “retaliação”.
O MP decidiu, por isso, pelo arquivamento da denúncia, tendo em conta o facto de o arguido alegar ter sido vítima de agressões mas não ter apresentado “quaisquer elementos de prova que demonstrassem ferimentos”, além de as testemunhas ouvidas terem apresentado versões diferentes de Nuno Vasco, antigo director do jornal O Almonda e funcionário administrativo. A O MIRANTE, Nuno Vasco alega que existe um acordo e que o caso não vai seguir para julgamento. Por sua vez, fonte próxima da vítima confirma que foi recebido um pedido para acordo por parte do advogado de Nuno Vasco, mas que não foi aceite, sendo desejo da ofendida que o caso siga para julgamento.
Partido defende princípio da presunção da inocência
Contactado por O MIRANTE, Tiago Ferreira, que lidera a coligação sendo o candidato à presidência da Câmara de Torres Novas, defendeu o princípio da presunção da inocência e foi mais longe dizendo que acredita que Nuno Vasco é inocente. Pelo menos até ser “provado que existe algum problema”, ressalvou. “É sobre a base da presunção da inocência que trabalhamos”, afirmou. Caso o processo, que vai a debate instrutório, chegar a julgamento e “se houver condenação obviamente que teremos de tomar medidas”, advertiu Tiago Ferreira, actualmente vereador sem pelouros na Câmara de Torres Novas. “Nós não compactuamos com violência doméstica, para nós é inaceitável e faremos tudo ao nosso alcance para apoiar”, sublinhou.
Questionado sobre se o PSD tinha conhecimento de que Nuno Vasco é arguido acusado de violência doméstica após inquérito do Ministério Público que investigou o caso, tendo tido conhecimento dos factos que constituem crime e lhe imputou, Tiago Ferreira declarou: “o que o Nuno disse foi que tinha tido uma situação com a ex-namorada mas que era inocente e nós acreditamos na palavra do Nuno. Isto já depois do convite ter sido formalizado”.
