As bancadas do polivalente desportivo da Carregueira, concelho da Chamusca, encheram, na noite de sábado, 18 de Junho, para assistir às marchas populares, que depois de uma paragem de dez anos, foram reactivadas por iniciativa da junta de freguesia local.
A tradição não podia desaparecer e o presidente da junta, Joel Marques, empenhou-se na organização e lançou o desafio às associações da freguesia. Responderam à chamada a Universidade Sénior da Carregueira, a Associação de Danças e Cantares “Os Camponeses” da Carregueira, a União Cultural e Desportiva Arripiadense, o Rancho Folclórico Etnográfico e Infantil da Carregueira e a Filarmónica Instrução e Recreio Carregueirense “Vitória”.
A iniciativa começou a ser preparada em finais de Janeiro. A junta assumiu pela primeira vez a organização e deu 450 euros a cada grupo. A despesa total para o evento rondou os 2500 euros. As músicas e as letras foram da responsabilidade das associações e a organização envolveu cerca de 200 centenas de pessoas entre marchantes, coreógrafos, músicos e costureiras.
Durante os preparativos, na tarde de sábado, 18 de Junho, o autarca andava numa roda viva. Os fregueses cumprimentam-no e aproveitam para fazer alguns pedidos de última hora, como por exemplo um simples espelho para que os elementos da Universidade Sénior se possam maquilhar. É Joel Marques que trata de tudo e que vai fechar a janela da junta antes do início do espectáculo. Toda a gente lhe pergunta como está o resultado do jogo da selecção portuguesa que defronta à mesma hora a congénere austríaca para o Europeu de Futebol. O autarca diz não saber o resultado.
O empenho de Joel Marques foi tanto que até apresentou o espectáculo juntamente com a secretária da junta de freguesia, Anabela Protásio. Joel Marques confidenciou a O MIRANTE, antes das marchas, que estava um pouco ansioso porque queria que corresse tudo bem, mas em relação à apresentação não estava nada nervoso.
A freguesia fez questão de reavivar a tradição por vários motivos. Para além da cor e do movimento, as marchas semeiam um sentimento de partilha na comunidade, ocupam de forma saudável os tempos livres dos jovens, despertam uma competitividade salutar entre associações e estimulam o espírito de fraternidade e solidariedade entre os envolvidos. Joel Marques explica que todos os grupos levam um prémio simbólico mas não há um grupo vencedor. “Queremos apenas mostrar o orgulho em ser carregueirenses e arripiadenses”, afirma.

Marchas para todos os gostos
A Universidade Sénior da Carregueira apresentou a marcha “A Alegria”, composta por nove pares, quatro arcos, dois padrinhos, três mascotes e um porta-estandarte. Os arcos foram decorados com o reaproveitamento de diversos materiais, indo ao encontro da temática dos 3 R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar).
“As Lavadeiras” foi o tema da marcha apresentada pela Associação Danças e Cantares “Os Camponeses” da Carregueira, com 48 marchantes, um porta-estandarte e cinco mascotes. Os arcos têm como cores de fundo o azul da água e o amarelo do sol que clareava a roupa e ao centro têm fotos de lavadeiras do antigamente.
“As Searas”, marcha apresentada pela União Cultural e Desportiva Arripiadense, pretendeu recriar a faina vivida noutros tempos nos campos da freguesia, desde a charneca à lezíria. Apresentou-se com 12 pares, dois padrinhos, três mascotes, um porta-estandarte e dois cantores.
Os elementos da marcha “As Camponesas”, do Rancho Folclórico e Infantil da Carregueira, apresentaram-se com traje de carminho. Enquanto o fato de trabalho era composto por uma bata de zuarte ou riscada, o fato de carminho estava guardado para quando terminasse o dia. A marcha foi composta por 18 pares, oito arcos, dois padrinhos e um porta-estandarte.
Depois da primeira exibição, na noite de sábado, 18 de Junho, no polivalente desportivo da Carregueira os grupos vão marchar no dia 25 de Junho, às 21h30, na Praça da Barca, no Arripiado.

Freguesia precisa de um pavilhão multiusos

Joel Marques quer recandidatar-se ao cargo nas eleições do próximo ano mas “essa escolha passa pelas estruturas do partido”, o PS, diz. O autarca afirma que a freguesia “já precisa de um presidente a tempo inteiro” mas ele próprio não está disponível, porque a “vida empresarial está primeiro”. Quanto a projectos para o próximo mandato, diz que já tem alguns, mesmo que fique apenas a meio tempo. A construção de um pavilhão multiusos com um auditório é a prioridade para “dar resposta ao desporto, à cultura e onde se possa colocar todas estas associações da freguesia e onde se possam realizar eventos de maior dimensão”.