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História dos sapateiros que calçavam as gentes do Ribatejo no século passado

João Luís Pereira Maurício lança livro sobre “Os Sapateiros da Benedita”

Em 1950 havia na freguesia da Benedita, a pouco mais de dez quilómetros de Rio Maior, 750 (setecentos e cinquenta) sapateiros que trabalhavam em 120 oficinas. A informação está registada no livro “Os Sapateiros da Benedita e a sua história”, da autoria de João Luís Pereira Maurício, professor aposentado, natural daquela localidade.
Naquela época os sapateiros da Benedita “escoavam” os seus produtos em feiras e mercados do Ribatejo. O autor escreve que “As feiras desempenhavam um papel importante na dinamização da economia regional e foram uma ‘verdadeira montra’ para o calçado beneditense que ganhou fama nas regiões oestina e ribatejana”.
Entre as feiras mais importantes, João Luís Pereira Maurício cita a Feira de Todos os Santos no Cartaxo, a Feira das Cebolas de Rio Maior, a Feira da Piedade em Santarém, a Feira de Marinhais, no concelho de Salvaterra de Magos, e os mercados mensais de Manique do Intendente e Alcoentre, no concelho de Azambuja.
O autor fez um levantamento de oficinas, lojas de solas e cabedais e abre o livro com um enquadramento histórico do calçado. Recolheu testemunhos orais, fez aturadas pesquisas e relembra alguns factos que ajudam o leitor a perceber melhor o desenvolvimento da produção manual de calçado.
Num capítulo intitulado “A Lei do Pé Descalço” conta como, a partir da campanha de Liga Portuguesa de Profilaxia Social, em 1928, “(...) contra o indecoroso, inestético e anti-higiénico hábito do ‘pé-descalço’”, começaram a surgir as primeiras proibições de andar descalço, nomeadamente nos anos do Estado Novo quando Salazar criou uma multa de 25 tostões para quem não usasse sapatos. Apesar disso ainda era possível encontrar pessoas descalças em Portugal, nomeadamente em zonas rurais, nos primeiros anos da década de sessenta do século XX.
A obra é prefaciada por João Pulquério Antunes de Castro, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior, filho de comerciantes, que também dá o seu testemunho: “Em Rio Maior, nos anos 50 do século passado, era habitual os sapateiros da Benedita deslocarem-se ao mercado mensal, alguns de bicicleta, para venderem o seu calçado, de tipo rural (...) Findo o mercado, seguiam até à loja do meu pai e ‘comerciavam’ o excedente, normalmente botas, trocando-o por artigos de sapateiro (solas, cabedais, etc).”.

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