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Susana sente-se como peixe na água com os seus alunos
apoio. Susana é responsável por 22 alunos

Susana sente-se como peixe na água com os seus alunos

Foi na faculdade que uma aula de educação especial a tocou particularmente e a fez descobrir a sua vocação: educar alunos com deficiência. Susana Ferreira foi uma das fundadoras da equipa de natação adaptada do Alhandra Sporting Club, um clube que quer fazer a diferença.

Há um orgulho óbvio nos olhos de Susana Ferreira quando olha para os alunos da equipa de natação adaptada. Estão alinhados à beira da piscina do Alhandra Sporting Club, à espera do começo da aula. Susana ainda está do outro lado da parede de vidro, na sala dos professores, a conversar com O MIRANTE.
“Já não sou nada sem eles, são os meus meninos”, diz com um sorriso.
Os 22 alunos da equipa – onze em competição e onze em formação – que Susana e Carlos Valente lideram têm diferentes níveis de deficiência, mas partilham o gosto pela água. Assim que Susana lhes diz para entrarem na piscina, rasgam-se sorrisos ainda maiores que o dela. “Estar aqui com eles, vê-los fazerem o que eles fazem mesmo com as limitações que têm, faz-nos pensar que afinal não temos assim tantos problemas”, confessa Susana.
A professora cresceu na Amadora e começou no 9º ano a tirar um curso vocacionado para o desporto. “Desde aí que decidi que queria ser professora de Educação Física, mas foi na faculdade que uma disciplina de educação especial me tocou particularmente e me fez pensar ‘é isto que quero’”. Veio para o Ribatejo depois de casar, há vinte anos, e foi aqui que criou a família. Além de dar aulas voluntárias à equipa do Alhandra SC, é professora da turma de multideficiência na Escola do Forte da Casa.
Mas foi um telefonema inesperado à uma da manhã, de uma colega da natação adaptada, que a fez chegar à modalidade. “Ligou-me a pedir alguém de Educação Física para uma equipa da ASBIHP, a associação para deficientes de Spina Bífida. Até lhe disse ‘não percebo nada disto! Nem sei o que é a natação adaptada’, mas acabei por aceitar porque não tinham mais ninguém”. Da ASBIHP nasceu a Mithós, mas parte dos membros saíram com o tempo e Susana juntou-se a Carlos Valente e a João Formigo, o primeiro atleta orientado por ambos, e decidiram criar aquela que viria a ser a equipa de hoje. “O Alhandra acolheu-nos da melhor forma e começámos há três anos”.
Entretanto a natação adaptada na Mithós acabou e a maioria dos atletas transitou para o Alhandra Sporting Club. Susana tem o objectivo de expandir as equipas quando houver “melhores condições de tempo e espaço e um treinador específico para eles durante a semana, não só ao domingo”. Mesmo assim o clube tem conseguido bons resultados, tendo alcançado o nono lugar no campeonato nacional de natação adaptada, num universo de 35 clubes.

Críticas à Associação de Natação de Lisboa
Apesar de procurarem a inclusão, Susana e Carlos compreendem que “os alunos precisam de um espaço para treinarem durante a semana, porque temos atletas muito perto de alcançarem os mínimos para competirem lá fora mas não temos as mesmas condições de alguns clubes do norte, por exemplo”.
O clube tem, por isso, de pedir apoios aos patrocinadores para os transportes, a alimentação e a estadia sempre que vai a competições, sendo que uma ida ao norte costuma rondar os 700 euros. Os encarregados de educação dos atletas acompanham-nos, o que se torna uma importante ajuda.
Susana tece críticas à Associação de Natação de Lisboa pelas poucas provas que organiza e diz que muitas pessoas ainda encaram a natação adaptada como um desporto menor: “Muitas pessoas perguntam porque levamos os atletas com deficiência a competir porque acham que eles não vão conseguir ganhar nada e portanto não vale a pena. Mas isto é tudo gente com muita força. E eu sem eles já não sou ninguém”.

Susana sente-se como peixe na água com os seus alunos

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