José Saramago e os Poemas Possíveis

José Saramago – FOTO ARQUIVO

Até 16 de novembro, data do centenário de nascimento do prémio Nobel da Literatura, O MIRANTE vai publicar poemas de José Saramago do livro Os Poemas Possíveis, que é uma obra pouco relevada no conjunto dos livros do escritor mas que retrata a sua veia poética que, mais tarde, havia de ajudar na escrita dos romances que lhe valeram o único Nobel da literatura em língua portuguesa.

José Saramago foi durante muitos anos um poeta a tempo inteiro. Muito antes de Levantado do Chão, que escreveu aos 42 anos, Saramago construiu uma obra poética pouco relevada nos dias de hoje mas muito importante para percebermos o escritor e o seu percurso literário.

Os Poemas Possíveis, lançado em 1966, reúne o melhor da sua poesia, mas há mais. Para nos juntarmos às comemorações do centenário do escritor, O MIRANTE tem vindo a publicar textos que ligam José Saramago à Azinhaga e aos seus conterrâneos.

Até 16 de Novembro, data do centenário de nascimento, que coincide com a data de aniversário de O MIRANTE, vamos recordar ainda alguns dos seus poemas, a grande maioria escritos no tempo em que o prémio Nobel trabalhava arduamente em editoras e estava longe de pensar que a sua vida ia depender de um saneamento polémico da direcção do jornal Diário de Notícias e da sua coragem em isolar-se na casa de uma família alentejana onde escreveu Levantado do Chão.

Tenho um irmão siamês

Tenho um irmão siamês
(Há quem tenha, mas o meu,
Ligado à sola dos pés,
Anda espalhado no chão,
Todo mordido da raiva
De ser mais raso do que eu.)
Tenho um irmão siamês
(É a sombra, cão rafeiro,
Vai à frente ou de viés
Conforme a luz e a feição,
De modo que sempre caiba
Nos limites do ponteiro.)
Tenho um irmão siamês
(Minha morte antecipada,
Já deitada,
À espera da minha vez.)

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