Covid-19 | 07-04-2020 10:00

Autarcas alertam que Covid-19 pode ser devastadora nos lares clandestinos

Autarcas alertam que Covid-19 pode ser devastadora nos lares clandestinos

Municípios da região começaram a fazer o levantamento dos lares ilegais por temerem o pior.

Os lares de idosos clandestinos são uma fonte de preocupação redobrada em tempos de pandemia e a monitorização dos seus utentes não está a ser feita pelas autoridades, nomeadamente a realização de testes à Covid-19. Ao contrário do que começou já a ser feito em lares legais. No concelho de Benavente são, segundo as contas do presidente do município, Carlos Coutinho, “seguramente mais de uma dezena” os lares ilegais que albergam um número incerto de idosos. O “risco é muito elevado e a Segurança Social não está a fazer nada”, avisa o autarca.

Carlos Coutinho revela que foi o município, em parceria com as duas corporações de bombeiros locais, que tomou na sexta-feira, 27 de Março, a decisão de “fazer um levantamento” dessas estruturas. Depois de estar concluído, explica o autarca, vai ser encaminhado para o Instituto da Segurança Social (ISS), na expectativa que sejam tomadas medidas para salvaguardar a saúde dos utentes.

Contactado por O MIRANTE, o ISS limitou-se a uma resposta generalista que apenas dá a conhecer as medidas de apoio aos lares legalizados e aos seus parceiros sociais, que já são do domínio público. Fica por dar a resposta concreta à pergunta: E em relação aos lares ilegais e clandestinos que medidas estão a ser tomadas?

A dúvida permanece também em Salvaterra de Magos, onde à semelhança de Benavente foi pedido aos bombeiros para ajudarem a identificar lares ilegais sempre que forem chamados a prestar socorro a idosos lá residentes, diz a O MIRANTE Hélder Esménio, presidente do município. “Esta matéria devia ser da responsabilidade da Segurança Social. Sabemos que temos cinco lares legais, mas não temos uma noção rigorosa nem possibilidade de controlar os que estão ilegais”, sublinha o autarca, que diz haver “dezenas deles” no seu concelho.

Perante esta realidade encoberta, a vereadora com o pelouro da Acção Social da Câmara de Azambuja, Sílvia Vítor, defende que numa situação de pandemia a resposta não pode chegar apenas às estruturas legais. “Pedimos o levantamento à Segurança Social e depois de recebermos uma recomendação do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo estamos a fazer um esforço, em parceria com as juntas de freguesia, para identificar todos os lares, sejam eles legais ou não”, explica.

Em Azambuja, até ao fecho desta edição, foram identificados pela autarquia dois lares sem alvará, sendo que num deles decorre o processo de licenciamento. Mas a vereadora sublinha que esse número não se aproxima da realidade e avisa que “as casas particulares” que albergam um número mais reduzido de idosos “são as mais difíceis de identificar”.

Sem números, a resposta pode ser insuficiente

Não havendo uma noção do número de idosos em lares clandestinos as zonas de isolamento que os municípios preparam podem ser manifestamente insuficientes. Basta pensar-se que num lar, onde os quartos são no mínimo duplos ou triplos e a distância entre camas é por vezes reduzida, o contágio no caso de haver um infectado é quase inevitável. “Tem de haver bom senso por parte de quem gere essas estruturas ilegais, tomar medidas, congelar entradas e saídas”, defende Hélder Esménio. Para situações de isolamento de idosos estão a ser montadas pela autarquia 180 camas em três pavilhões em Salvaterra de Magos, Marinhais e Glória do Ribatejo.

Em dois pavilhões em Azambuja e Aveiras de Cima foram também montadas 160 camas com o mesmo propósito, mas que “podem não chegar já que não se tem noção do número de idosos existentes”, nota a vereadora Sílvia Vítor.

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