Covid-19 | 02-06-2020 12:30

Sobressalto na Aldeia do Carvalhal com surto de Covid-19 em lar ilegal

Sobressalto na Aldeia do Carvalhal com surto de Covid-19 em lar ilegal

O vírus agitou o quotidiano pacato de uma aldeia do interior do concelho de Abrantes.

Quinze pessoas testaram positivo ao novo coronavírus, assim como outro habitante que não está relacionado com o lar ilegal onde surgiu o surto.

A população da pacata aldeia do Carvalhal, no concelho de Abrantes, tem vivido dias de agitação com a detecção de um foco de Covid-19 no fim-de-semana com 15 pessoas infectadas num lar ilegal situado na Rua Dr. Manuel de Arriaga. Posteriormente foi detectado mais um habitante, de 67 anos, infectado mas que não está relacionado com o lar.


Maria da Luz, 56 anos, diz que foi uma tragédia que aconteceu na localidade, que tem cerca de 300 habitantes, numa altura em que já não esperavam que o novo coronavírus ali chegasse. A administrativa continua a fazer a sua vida mas com mais cuidado. E afirma que é difícil estar longe dos idosos. “A minha mãe tem 84 anos e sou eu que lhe dou banho, ela depende de mim. Não me posso afastar dela e não sei se tenho o vírus ou não. Não a posso abandonar, tenho que correr o risco. E está muita gente na mesma situação que eu”, desabafa.


O presidente da Junta de Freguesia do Carvalhal admite que este foco de infecção por Covid-19 é preocupante e que o desconfinamento poderá ter originado a situação. Luís Vermelho diz a O MIRANTE que as pessoas já estavam a regressar às suas rotinas habituais. Depois de terem ouvido falar no número de infectados voltaram a ficar em casa, sobretudo os mais velhos. O comércio junto à residência que funcionava como lar ilegal optou por fechar portas, pelo menos esta semana e a próxima, para evitar contágios.


No café do Largo da Portela, no centro da aldeia, são poucas as pessoas no interior do estabelecimento. Cá fora encontram-se quatro ou cinco pessoas, a maioria com máscara na cara. Óscar Teixeira, 67 anos, retira a máscara apenas para falar com O MIRANTE com as distâncias de segurança asseguradas. Diz que o foco de contágio pode ter acontecido devido ao desconfinamento. “As pessoas ficaram mais relaxadas, acharam que o pior já tinha passado e infelizmente aconteceu. A população está assustada e nota-se muito menos gente na rua”, afirma.


As 15 pessoas residentes no lar ilegal em Carvalhal, 11 delas utentes, estão todas internadas na Unidade 1 do Hospital de Abrantes depois de terem testado positivo à Covid-19. A directora clínica do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), Ana Vila Lobos, explicou que todos têm poucos ou nenhuns sintomas da doença. As utentes são dez senhoras, entre os 77 e os 96 anos, a que se junta um homem de 40 anos, deficiente profundo, filho dos donos do lar. “Estão bem e pouco ou nada sintomáticos. Estão todos medicados e, de modo geral, estão bem. Nenhum está nos cuidados intensivos”, afirmou Ana Vila Lobos.


A médica sublinhou que devido à fragilidade de todos, e não havendo condições para isolamento no lar, ficaram internados, sendo que os funcionários do lar foram para o seu domicílio em isolamento e quarentena. Na casa ficaram apenas, e igualmente em isolamento, os donos da habitação e que geriam o espaço de acolhimento de idosos.

Contágio pode ter tido origem em matança de porco ou num funeral

A Delegada de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) confirmou que todo o quadro indicia que foram quebradas as boas práticas de distanciamento social e que as autoridades de saúde estão a tentar descobrir a origem do foco de contágio. Maria dos Anjos Esperança admitiu que este poderá ter tido origem durante um almoço convívio numa matança de porco, que ali ocorreu há cerca de duas semanas, ou num funeral que ocorreu na aldeia com pessoas que vieram de Lisboa.


A médica garante que vai continuar a ser feita a investigação sobre todos os possíveis contactos directos e de alto risco das pessoas daquela casa e poderão ter de testar e colocar mais pessoas em vigilância activa.
O número de casos de infecção em Abrantes no fim-de-semana fez aumentar de 23 para 36 as pessoas a testarem positivo ao novo coronavírus no concelho. Situação que o presidente da Câmara de Abrantes considera preocupante. “Estas situações não escolhem os sítios, os momentos nem os lugares e o que é verdade é que acabámos por ter um foco de casos positivos, numa residência de acolhimento que nos deixa extremamente preocupados”, disse Manuel Valamatos.

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