Covid-19 | 22-10-2020 17:49

Covid-19 causa distúrbios psicológicos a 60% dos europeus

Covid-19 causa distúrbios psicológicos a 60% dos europeus
foto DR

Seis mil entrevistas conduzidas pelo instituto Elma Research para a Angelini Pharma em seis países europeus apontam para um forte impacto do confinamento na saúde mental. Três em cada quatro cidadãos pedem um maior empenho no apoio a doentes por parte do Estado; o estigma continua a caracterizar estes distúrbios: a maioria das pessoas pensa que são uma causa de vergonha e constrangimento.

Um estudo realizado pelo Instituto Elma Research em seis países europeus (França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Espanha e Polónia, durante o confinamento, aponta para que 58% dos cidadãos de um universo de seis mil, apresentaram sintomas de distúrbios psicológicos que duraram mais de 15 dias, com picos de 63% em Itália, 63% na Grã-Bretanha e 69% em Espanha – os países nos quais o impacto da Covid-19 foi mais intenso.

Insónias, dificuldade em dormir ou acordar durante a noite (com uma média europeia de 19%); falta de energia ou fraqueza (16%); tristeza ou vontade de chorar (15%); excesso de preocupações e medos; falta de interesse ou prazer ao realizar atividades (14%); ataques de pânico e ansiedade (10%), são alguns dos números apresentados no estudo que evidenciam o problema que surgiu com a pandemia, que veio alterar o modo de vida na terra.

A maioria dos cidadãos europeus afirma ter tido pelo menos dois destes sintomas (61%); 46% afirmam ter tido estes sintomas pela primeira vez, enquanto que 39% dizem ter tido um agravamento de sintomas pré-existentes.

Um resultado inesperado do estudo está relacionado com o comportamento das pessoas no que diz respeito à informação. Apesar de os distúrbios psicológicos estarem muito difundidos, apenas uma em cada quatro pessoas procurou informação sobre a questão dos distúrbios mentais relacionados com a Covid-19 (a média europeia foi de 26%), com exceção de Itália (35%) e Espanha (38%), onde as percentagens foram mais elevadas. As pessoas procuraram informação sobretudo na Internet (65% dos que procuraram informação), na televisão (18%) e junto de um médico de clínica geral (18%). Vale a pena ressaltar que estes números se referem a uma situação de emergência durante a qual o acesso a médicos de clínica geral ou a outros profissionais de saúde estava severamente limitado.

“Estes dados confirmam que o confinamento foi uma experiência que afetou significativamente a saúde mental das pessoas, especialmente em alguns países, como a Itália”, comentou Agnese Cattaneo, Diretora Médica Global da Angelini Pharma, “As pessoas não podem ser deixadas sozinhas; as condições de acesso a profissionais, desde clínicos gerais a psicólogos e psiquiatras – condições que ainda são demasiado limitadas, e não apenas durante o confinamento – devem ser facilitadas.

Quanto às percepções das pessoas em relação aos distúrbios psicológicos, comparativamente a outras condições, as entrevistas mostram que o cancro é a doença mais temida pela maioria das pessoas (66% na média europeia). Já no que diz respeito ao impacto, os tumores são interpretados como sendo apenas ligeiramente mais graves do que os distúrbios psicológicos (a média europeia é de 46%, na primeira condição médica, contra 37%, na segunda).

Talvez também como consequência da pandemia, as pessoas tenham desenvolvido uma elevada consciência face ao risco das doenças mentais; mais de metade dos entrevistados (média europeia de 64%) reconhece que os distúrbios mentais são uma fonte de discriminação e marginalização.

O estudo foi realizado em setembro numa amostra representativa da população de seis países (França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Espanha e Polónia), com entrevistas online conduzidas com recurso ao método CAWI (Computer Assisted Web Interviewing). Foi entrevistada uma amostra de mil indivíduos de cada país. A amostra é representativa em termos de género, área geográfica e idade (dos 19 aos 70).

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