A Palavra dos Leitores | 20-09-2021 15:49

O início do ano letivo: os alunos e os professores; a dicotomia (im)perfeita

Numa altura, em que o ano letivo está prestes a começar, urge fazermos uma reflexão sobre o que esperamos da escola e das aprendizagens dos nossos filhos.

O que é ser aluno e o que é ser professor nos dias de hoje? Talvez não seja muito diferente dos dias de antigamente. Recordo as minhas duas professoras, do ensino primário, na perfeição! A sua rigidez, a sua austeridade, mas também a sua bondade e a capacidade que tinham para nos ajudar a sonhar, e a encontrar os caminhos vários, que nos levavam a concretizar os nossos sonhos… fui bafejada pela sorte por ter tido, na minha infância, e nos primórdios da minha educação escolar, tão grandes senhoras a meu lado!

Tantas e inúmeras vezes que dou por mim a relembrar os meus colegas, as aulas, as aprendizagens, as chamadas ao quadro, as recompensas, mas também (e como poderia esquecer!) a famosa régua de chocolate, tal como a apelidamos por ser de madeira e de cor castanho-escuro!

Como tudo parece distante! Um passado que se assemelha tão longínquo e não mais voltará!

Hoje em dia tudo é diferente: um abraço, uma manifestação de afeto, todos os movimentos, todas as palavras e atitudes têm de ser muito bem pensadas e repensadas! O mundo evoluiu, o pensamento e as atitudes evoluíram com o tempo, situações que dantes pareciam certas são, de facto e nos dias que correm, muito erradas!

Contudo, os alunos continuam alunos e os professores permanecem na sua prática docente, que, em alguns casos, é mesmo a arte de ensinar.

Um professor pode fazer a diferença, um bom professor está dotado de competências para a fazer… A perspectiva do aluno deverá ser a de aprender, a perspectiva de um bom aluno deverá ser a de partir à descoberta, desenvolvendo o seu próprio raciocínio e a sua inteligência crítica, através do manuseamento, exímio, de todas as ferramentas que o professor teve a capacidade de tão bem lhe proporcionar.

E isto é o que ambicionamos, todos nós, a sociedade em geral. Um professor de excelência conduz os seus alunos à aprendizagem e à reflexão crítica, faz deles os pensadores serenos, mas ativos, os homens e as mulheres que o mundo almeja ter nos dias de amanhã!

Há que saber diagnosticar os problemas das crianças e dos jovens que são vários, e que cada vez se apresentam perante todos nós, pais - que somos os educadores por excelência -, avós, professores e psicólogos, como mais difíceis de lidar, atendendo à sociedade em que vivemos, onde impera a correria para o trabalho - o apanhar os transportes públicos, desesperantes minutos em grandes filas que mais parecem horas, que teimam em não passar! - tornando tão parco, o precioso tempo que os pais têm, para privar da alegre e doce companhia dos filhos.

Assim sendo, hoje em dia, e mais do que nunca, o professor deve saber ouvir diversas opiniões (tantas vezes tão sábias e baseadas na experiência!), e deve evoluir na sua forma de ensinar, englobando, no processo, as características, os “timing” e as vivências, tão diferentes de cada aluno, singularidades únicas, que enlaçadas por uma forte e verde fita - da cor da esperança - faz dos nossos jovens esses seres, singulares e extraordinários!

E, se aliarmos estas vivências ao saber estar, ao saber ensinar, e ao saber conduzir os alunos através da descoberta e do conhecimento, criam-se as condições ideais para levar a cabo o processo de ensino-aprendizagem e, por conseguinte, uma aprendizagem que conduza ao sucesso, não só escolar, mas também pessoal, e que combata todo o tipo de ignorância que ainda se faz sentir em alguns círculos da nossa sociedade.

Todos os seres dotados de inteligência intelectual e afetiva são capazes de progredir, de melhorar, podem e devem aprender a fazer a diferença! Olhar os seus alunos nos olhos, sem que se façam prévios juízos de valor, e aprenderem com eles. Sim, aprenderem com eles, com os seus alunos, pois estes, que estão diariamente na sala de aula com os seus professores, também são capazes de ensinar! E que milagre sucede quando, após se darem a conhecer, alunos e professores renascem com uma outra visão da realidade que os cerca e para a qual todos estão, tantas vezes, de olhos vendados: as vivências das crianças e dos jovens, por vezes tão doloridas, a sua necessidade de reconhecimento, de dizerem ao fincarem o pé “Eu estou aqui! Olha para mim!”.

É este o diálogo constante que se estabelece entre o aluno e o professor, um diálogo mudo e surdo, tão perfeito, mas que por vezes, muito raramente, felizmente, é tão imperfeito!

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