Cultura | 29-08-2019 10:00

Bailarinas de Benavente e Coruche à conquista da Europa

Bailarinas de Benavente e Coruche à conquista da Europa

Coreo Dance Project é uma escola de dança nascida em Benavente e que se estendeu a Coruche.

Foram 33 as bailarinas da Coreo Dance Project que voaram até aos palcos de Roma, em Itália, onde conquistaram em Julho um quarto lugar e um décimo terceiro lugar em estilo contemporâneo, um sexto lugar em ballet clássico, um sétimo em solo e dois décimos lugares em estilo livre. São todas ribatejanas e as suas idades variam entre os quatro e os 20 anos.

Raquel Inácio tem 19 anos e é de Benavente. Tal como Mariana Fernandes, de nove anos, e Mariana Rodrigues, de sete anos, é uma das alunas dessa escola e uma apaixonada pela expressão corporal que se conquista através da dança. Chegou há oito anos sem conseguir executar uma pirueta, muito menos a espargata, mas a saber que, apesar da pouca flexibilidade, este era o sonho que queria cumprir. “Já tinha experimentado outros desportos, mas nunca um de que gostasse realmente. Até vir a uma aula de dança”, diz Raquel, que está a ponderar seguir um percurso profissional ligado ao ensino artístico.

As bailarinas não escondem o orgulho de ter representado os seus concelhos e Portugal nas finais europeias e olham para a competição como um jogo de auto-superação. Mas esta não é a primeira aventura além-fronteiras destas bailarinas. Em 2017, a professora e dirigente do projecto, Marta Salsinha, licenciada em Dança, Interpretação e Criação, pela Escola Superior de Dança de Lisboa, entendeu que era tempo de dar às alunas a oportunidade de brilhar em palcos internacionais.

Depois de vencerem o concurso Dancing Stars, em Lisboa, rumaram às finais europeias, em Paris, onde conquistaram um quarto lugar no estilo contemporâneo. E este ano as viagens não se ficam por Roma. A O MIRANTE Marta Salsinha adianta que está marcado no calendário um voo até Praga (República Checa), onde as bailarinas vão disputar as finais europeias, em Novembro. Um mês depois estarão a dançar numa cidade portuguesa no apuramento para 2020.

Antes de cada competição as bailarinas têm de reforçar os treinos para garantir que estarão seguras na sua performance. Aos dois treinos fixos por semana, juntam-se assim outros dois, ao fim-de-semana. Um esforço que a professora garante ser fundamental para lhes dar confiança nas provas.

Começa-se por aquecer os músculos com uma corrida, seguida de exercícios de alongamento e flexibilidade, até entrar na coreografia. Ou melhor, nas várias coreografias que têm preparadas para os diferentes estilos. “Dançamos ballet clássico, contemporâneo e estilo livre”, explica Marta Salsinha. É neste último que cabem todas as danças do mundo que não têm categoria demarcada em competição. “Temos apostado no estilo Bollywood e em coreografias ao som de Michael Jackson”, explica.

Preconceito afasta rapazes da dança

Combater o insucesso escolar melhorando a concentração é um exercício que também se pratica nesta escola de dança, diz Marta, assegurando que não há uma bailarina que não seja boa aluna na escola. E fala-se apenas no feminino, porque aqui não bailam rapazes. A culpa pode estar no preconceito dos pais, conclui Marta.

Levar 33 alunas para fora do país é um esforço financeiro que Marta Salsinha não quer colocar em cima dos pais das alunas. As câmaras municipais de Benavente e Coruche cedem os espaços de ensaio e algum apoio monetário, mas com a falta de patrocínios, a solução passa por angariar dinheiro na rua. “Organizamos peditórios, vendas de bolos, camisolas e espectáculos. Em média precisamos de 19 mil euros para levar as bailarinas a competir”, revela.

Ensino artístico é desvalorizado

Natural de Benavente, Marta Salsinha começou a dançar aos oito anos e aos 13 percebeu que queria ser bailarina. Fundou a associação Coreo Dance Project, em 2007, em Benavente. “Nasceu da vontade de criar um projecto que aliasse vários estilos de dança e outras expressões artísticas. Comecei por criar musicais durante seis anos, até entrar com as alunas em competição”, diz. Hoje lecciona em mais quatro escolas e em 2015 alargou o Coreo Dance Project a Coruche.

Em Portugal o ensino artístico ainda é desvalorizado, considera a professora que está há 10 anos na profissão e continua a recibos verdes apesar de trabalho não faltar. “Trata-se de uma questão política e cultural, onde a falta de apoio governamental para as artes se reflecte nas condições em que os profissionais trabalham”, diz, alertando para o facto de ainda se olhar para a dança como um passatempo e não uma profissão.

A maior ambição da directora e professora de dança é continuar a competir com as suas alunas. Afastada está para já a ideia de retomar os musicais, mas em Novembro há festival de dança em Benavente organizado pela sua escola.

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