Cultura | 14-04-2020 10:00

"Bunker" é um filme de um cineasta de Abrantes e retrata tempos de "terror" que estamos a viver

"Bunker" é um filme de um cineasta de Abrantes e retrata tempos de "terror" que estamos a viver

O filme “Bunker”, do cineasta João Estrada, natural de Abrantes, venceu o prémio nacional do último Fantasporto e tem muitos pontos de contacto com os tempos que vivemos.

“Bunker – Ou contos que eu ouvi depois do mundo acabar” ganhou um dos prémios do Fantasporto que foi entregue a 7 de Março, poucos dias antes da declaração do Estado de Emergência em Portugal por causa da pandemia do coronavirus. O filme retrata uma realidade de confinamento e terror muito parecida com a dos tempos que estamos a viver. O realizador João Estrada, natural de Abrantes, diz que nunca pensou que a sua ficção se aproximasse da realidade e jamais imaginou que o seu trabalho de sete anos fosse premiado exactamente na véspera de um quase apocalipse que é o que estamos a viver no mundo.


O jovem realizador gosta de Abrantes e até acha que existe bastante actividade cultural no concelho. Lamenta contudo que esteja envelhecido e que a maioria dos jovens que sai de Abrantes para estudar não regresse porque não existem empregos compatíveis. João Estrada tem pena que o Cine-Teatro São Pedro esteja encerrado há tanto tempo mas tem esperança que alguns dos seus filmes ali possam ser exibidos quando reabrir. E recorda que existe uma excelente sala de espectáculos no Sardoal que é uma boa alternativa enquanto o Cine-Teatro São Pedro está fechado.


Em relação ao filme agora premiado, tudo começou há sete anos quando João Estrada e os seus colegas criaram o enredo do filme para o projecto da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. “Bunker – Ou contos que eu ouvi depois do mundo acabar” relata a história de um grupo de humanos que sobreviveram a um apocalipse e são obrigados a viver numa estrutura construída debaixo da terra para evitarem a morte por radiação atómica.


O filme demorou cerca de seis anos até estar concluído e venceu o prémio nacional do Fantasporto para Melhor Filme, entre 33 concorrentes. João Estrada e a sua equipa receberam o prémio dias antes de Portugal entrar em Estado de Emergência devido à pandemia. O cineasta disse a O MIRANTE que considera a coincidência um pouco bizarra e até tem receio que o filme perca espectadores por ser construído num cenário diferente do que vivemos mas ter semelhanças no essencial, que passa pela sobrevivência das pessoas.


João Estrada tem 26 anos mas é um criador que começou bem cedo a tentar mostrar o seu valor. Bunker começou como um projecto escolar mas como não foi escolhido pelos professores da ESTC os alunos pediram à escola que os deixasse continuar o projecto utilizando as instalações.


António Capelo, Irene Cruz e Maria João Abreu são os actores que dão vida às personagens principais de Bunker. Em 2019, quando conseguiram apoio de uma empresa de pós-produção, lançaram mãos à obra e acabaram o projecto que já vinha de 2012. “Ganhar o Fantasporto foi uma boa surpresa. Este projecto teve tantos atrasos que achámos que ia ficar pelo caminho. Felizmente conseguimos e a vitória é o reconhecimento do nosso trabalho e isso motiva-nos a todos para continuar nesta área”, afirma o jovem realizador que vive entre Lisboa e Abrantes.

Próximo filme com a região como cenário


João Estrada considera-se um apaixonado por cinema e diz que desde criança inventa histórias que depois filmava, embora só para se divertir. Para além de realizar também gosta de escrever os argumentos das suas ideias para cinema. Actualmente está a gravar um novo filme, que se vai chamar “Castelo Flutuante”, e as imagens são todas da zona de Abrantes e do Médio Tejo.

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