Cultura | 17-09-2021 21:00

Banda The Town Bar toca músicas para mudar estados de alma

Banda The Town Bar toca músicas para mudar estados de alma
Filipe Nicolau, Miguel Nicolau, Luís Mirradinho, David Colaço e Artur Mota compõem um quinteto que faz música com o objectivo de divertir pessoas e mudar-lhes os estados de alma

The Town Bar é o nome da banda de Pontével formada por cinco amigos que olham para a música como uma forma de transmitir boas energias e mudar estados de espírito. A química em palco de Filipe Nicolau, Miguel Nicolau, Luís Mirradinho, David Colaço e Artur Mota é determinante para seduzir o público e uma mais-valia para evoluírem no panorama da música nacional. No ensaio a que O MIRANTE assistiu não faltaram alegria e boa disposição.

A irreverência e boa disposição de cinco amigos, todos na casa dos trinta anos, são duas das principais razões para assistir a um concerto da banda The Town Bar, fundada em 2014 na freguesia de Pontével, concelho do Cartaxo. A Filipe Nicolau e Miguel Nicolau, irmãos gémeos, juntam-se Luís Mirradinho, David Colaço e Artur Mota, para compor o quinteto que faz música com o objectivo de divertir pessoas e mudar-lhes os estados de alma. “Gostamos de dar ao público um verdadeiro espectáculo. Não é só chegar ao palco e tocar músicas, também fazemos teatro, brincamos e chateamo-nos, e sai tudo genuinamente”, garante Filipe Nicolau.

São muito raros os concertos em que não arranjam novos trabalhos; a energia que transmitem não deixa ninguém indiferente. Venceram recentemente o Festival de Música de Corroios, com mais de duas décadas de existência, e onde actuam mais de 120 bandas, precisamente por demonstrarem em palco uma química que só acontece quando se sente paixão pelo que se está a fazer. “O júri disse-nos que ouviram bandas com mais qualidade, mas ninguém passou a mensagem como nós. O segredo está em acreditarmos no que fazemos e sermos fiéis a nós próprios”, sublinha Filipe Nicolau.

A conversa com O MIRANTE decorre no auditório da Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense. A qualidade da acústica é de enaltecer, assim como o grito de guerra que entoam antes de começarem a ensaiar. “É uma forma de nos ligarmos e de sentirmos a adrenalina a correr pelas veias”, referem.

O nome da banda traduzido para português é “O Bar da Vila”, inspirado nas muitas horas passadas a conviver num dos cafés centrais de Pontével. Não têm um estilo de música definido, mas revêem-se no estilo Folk/Rock com uma mistura de Jazz. O processo criativo das canções começa na cabeça de Filipe Nicolau, o vocalista, que dá o tiro de partida para a melodia e letra. A partir daí é o improviso que dita o resultado final. As opiniões de Miguel, baterista, Luís, baixista, David, teclas, e Artur, trompetista, são sempre tidas em conta, até porque, dizem, não há ninguém com o ego elevado e a democracia de pensamento é uma vantagem na busca da perfeição.

No repertório têm cerca de duas dezenas de canções originais, maioritariamente cantadas em inglês; todas contam histórias de amor, de sofrimento por amor, e relatam momentos de convívio com amigos. “São canções autobiográficas porque todos temos histórias de vida diferentes. Como somos uma família, partilhamos uns com os outros, e a magia acontece”, afirma Filipe Nicolau, com um sorriso no rosto.

APOIOS À CULTURA ESTÃO MAL DISTRIBUÍDOS

Há vários exemplos que comprovam que os cinco amigos vão ter muitas histórias para contar aos netos. Em quase todos os concertos os irmãos gémeos, que têm feitios muito diferentes, discutem em cima do palco. “A primeira vez foi crítica mas agora já são os nossos colegas que nos picam porque sabem que o público adora o momento”, contam.

Qualquer um dos cinco já se esqueceu várias vezes das letras das canções e, outras tantas, de ligar os instrumentos ao sistema de som, ficando a tocar no vazio. “Mas a melhor peripécia foi quando fomos tocar à Moldávia, a única vez que saímos do país, e o Artur pediu a mão a uma miúda e casou por um dia”, recordam em amena cavaqueira.

Os músicos trabalham diariamente noutras áreas de actividade, mas garantem que é da música que querem viver. “Só trabalhamos porque ainda não conseguimos que a música pague as contas. Sabemos onde queremos chegar, mas infelizmente os padrinhos têm muita influência neste negócio. Temos que continuar a trabalhar e a demonstrar a nossa consistência”, vincam, acrescentando que é frustrante ver os apoios à cultura em Portugal mal distribuídos, uma vez que se privilegia o mediatismo e não a qualidade do trabalho.

A banda, que actua grande parte das vezes no norte do país, gostava de começar a tocar com mais frequência no Ribatejo, sobretudo nas festas da aldeia e nos auditórios municipais. O Festival Bons Sons, na aldeia de Cem Soldos, em Tomar, é um sonho que, afirmam, está à distância de uma simples oportunidade. “Temos capacidade para estar nos grandes palcos. Somos humildes e trabalhadores e a qualquer momento vamos dar o salto. As coisas boas aparecem quando acreditamos no que estamos a construir”, concluem em uníssono.

À Margem

Nem tudo é sexo, drogas e rock’roll

A banda “The Town Bar” não respeita o estereótipo de que os artistas de música, sobretudo os que fazem parte de uma banda, têm uma vida pouco regrada e convencional. Pelo contrário, quase todos vivem com as suas mulheres, não consomem drogas, ficando-se apenas por beber umas cervejas no café perto do auditório onde ensaiam, em Pontével. Para os cinco amigos, a música é a melhor droga que existe, no sentido em que é terapêutica.

Não há nenhuma razão especifica para o facto de não existirem mulheres na banda. Até hoje nunca receberam pedidos de outros músicos para fazerem parte do conjunto, mas neste momento as portas estão fechadas para novos elementos. A canção que encerra todos os concertos intitula-se “The Bar” e fala sobre a importância de cultivar e preservar as verdadeiras amizades. Aqui fica o refrão da canção cantada em inglês, mas que procurámos traduzir para português, repeitando o mais possível o significado da mensagem que pretende transmitir: “e bebemos e dançamos / e choramos e rimo-nos das nossas conversas estúpidas / e das nossas piadas e percebemos quão miseráveis somos / mas pelo menos rimo-nos, pelo menos rimo-nos / rimo-nos de nós.

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