O “Jam às Sextas” é uma iniciativa do município de Vila Franca de Xira que se realiza desde 2014 e que tem como objectivo implementar na Fábrica das Palavras – Biblioteca Municipal uma oferta cultural diversificada. As sessões dão a possibilidade de vários artistas do concelho mostrarem os seus trabalhos e as suas capacidades de improvisação musical, onde o público também participa de forma activa.

O MIRANTE marcou presença no último “Jam às Sextas” que ficou marcado pela actuação especial de Mariana Brissos, uma jovem cantora de 18 anos, filha de Paulo Brissos, um músico com pergaminhos no concelho de Vila Franca de Xira e que é guitarrista da banda residente.

Mariana Brissos está ao poucos a entrar no mundo da música mas já revela muita confiança e irreverência. Os seus pais são músicos e a sua principal inspiração para trabalhar em busca do seu sonho: ganhar a vida a fazer o que mais gosta e que faz desde que se lembra: cantar. Recentemente começou a aprender a tocar piano para ganhar mais conhecimentos e aumentar o seu repertório artístico.

Durante a sessão, que durou cerca de duas horas, Mariana interpretou 12 músicas da artista norte-americana Alicia Keys. A sua voz não deixou indiferente as cerca de cem pessoas que esgotaram o auditório da Fábrica das Palavras. O momento mais alto da noite foi quando a mãe, Ana Valério, se juntou à filha para cantarem juntas pela primeira vez em público. “É uma sensação única e indescritível cantar com a minha mãe”, afirmou a jovem com emoção.

Mariana Brissos está a fazer uma pausa nos estudos para decidir que área quer seguir na universidade, mas tudo indica que vai ser algo relacionado com a saúde. No entanto, a jovem não tem dúvidas que a música vai fazer sempre parte da sua vida. “A arte é uma das coisas mais gratificantes que existe. É uma ferramenta de união porque todas as pessoas gostam de uma determinada música, artista, pintura ou escultura e unem-se para expressar esse sentimento”, refere a O MIRANTE.

Filha de peixe sabe nadar

Paulo Brissos escutava a conversa da filha com o repórter com um brilho nos olhos. Partilhar o palco com Mariana é “um grande orgulho” porque pode ver de perto a sua evolução e a alegria por estar a fazer algo que ama. O guitarrista é músico profissional desde 1993 e actualmente é o proprietário de uma empresa de produção musical. Começou o seu percurso aos 13 anos no Ateneu Vilafranquense, onde aprendeu a tocar clarinete, por incentivo do irmão, que já pertencia à banda. Aos 16 anos pegou numa guitarra, começou a compor as suas próprias músicas e nunca mais parou. Recentemente lançou o álbum “Roque o Português”, que contém o single “Nasceu uma Estrela”, com dedicatória e participação da filha Mariana.

Improviso e criatividade fazem parte do espectáculo

Ao longo da noite juntaram-se vários participantes habituais na sessão de improviso para cantar e tocar vários estilos de música, nomeadamente jazz, rock e pop. No total foram seis artistas, alguns deles amadores, que fazem da música um passatempo, e outros, como João Norte, que são músicos profissionais e viram nesta oportunidade uma forma de se divertirem e de mostrarem a sua criatividade musical.

João Norte, 26 anos, é dentista, professor e músico. Durante quatro anos fez parte da banda residente como baterista. À semelhança de grande parte dos músicos de Vila Franca de Xira também começou o seu percurso no Ateneu Artístico Vilafranquense quando tinha cinco anos. Foi trompetista e mais tarde passou para percussão clássica. Hoje diz que não troca a bateria por nada.

Para ser um bom músico João Norte considera ser imprescindível ouvir de tudo um pouco para adquirir mais conhecimentos. Não hesita em afirmar que é necessário haver mais investimento na educação musical nas escolas, para que os jovens participem activamente na dinamização dos espectáculos culturais no concelho.