Cultura | 01-02-2022 21:01

Edição Semanal. UDCAS do Sobralinho ganha nova dinâmica com mulheres ao leme

Edição Semanal. UDCAS do Sobralinho ganha nova dinâmica com mulheres ao leme

Longe vão os tempos em que eram os homens a decidir os destinos da União Desportiva e Cultural da Aldeia do Sobralinho. Fundada em 1974, a colectividade viveu momentos de glória mas também de aflição quando fechou portas há cinco anos. Reabriu pela mão de João Pedro Baião e hoje tem uma direcção com mulheres ao leme que fazem a gestão do bar para manter a colectividade em funcionamento.

A União Desportiva e Cultural da Aldeia do Sobralinho (UDCAS) está a viver uma fase de renovação e crescimento sob a liderança de uma direcção composta sobretudo por mulheres e que tem em Mónica Vintém e Ana Gomes a presidente e a vice-presidente.
A colectividade tem hoje mais de uma centena de atletas em modalidades como as danças de salão, ioga e fitness mas é na escola de kempo que mais sucessos nacionais e internacionais têm sido obtidos para a colectividade. A UDCAS foi fundada a 15 de Dezembro de 1974 e foi sempre um elemento agregador na localidade do concelho de Vila Franca de Xira. Os tempos difíceis começaram há cinco anos quando a falta de dirigentes interessados em formar listas levou a associação a fechar portas. Acabou por ser João Pedro Baião, actual vereador no município e presidente dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento, que juntou um grupo de gente da terra interessada em fazer andar a associação para a frente.
“Foi nessa altura que todas nos juntámos, com os maridos, e formámos uma lista para manter a UDCAS de portas abertas e a servir a comunidade. O João fez um grande trabalho e não quisemos que tudo fosse em vão e foi por isso que nos mantivemos”, contam a O MIRANTE Mónica Vintém e Ana Gomes. Em 2021 foi eleita uma nova lista que tinha Luís Monteiro Carvalho como presidente, mas este abandonou por motivos pessoais. Em Novembro Mónica Vintém e toda a sua lista tomou posse.
“Andámos todas juntas na escola e somos todos como uma grande família. Todos os dias falamos da associação e estamos cá. Sempre em voluntariado porque acreditamos que a UDCAS é um ponto de encontro do Sobralinho”, explica a dirigente. Mónica Vintém é funcionária pública e Ana Gomes técnica de óptica. Quando se envolveram na associação não havia empregados e por isso todas fizeram uma escala para manter o bar aberto. “Durante meses tivemos de aprender a tirar cafés, saber o preço dos pastéis de nata, limpámos, organizámos tudo”, recordam. Entretanto, o crescimento da colectividade já lhes permitiu contratar funcionárias para fazer esse serviço.

“As mulheres não são só donas de casa”
Numa altura em que muitas mulheres ainda têm de juntar os deveres da parentalidade com a lida da casa, as dirigentes associativas afiançam que nem sempre é fácil tirar tempo à família para dar à UDCAS e por isso agradecem aos maridos e aos filhos pela ajuda. “Estamos cá pela comunidade e eles ajudam-nos muito. Agarrámos isto com garra e estamos a fazer coisas que até aqui não eram feitas. Queremos dar mais alma à UDCAS e acreditamos que temos outra sensibilidade que os homens e somos mais pragmáticas”, garantem.
As dirigentes lamentam que ainda haja a ideia que as mulheres são apenas donas de casa. “Isso é errado. Temos filhos, a lida da casa e a UDCAS. A associação é quase como mais um elemento da nossa família a pedir atenção. É preciso um esforço contínuo e diário para manter a associação saudável”, confessam.
O objectivo para este mandato é atrair mais pessoas da comunidade para aparecerem na UDCAS e ajudarem ao desenvolvimento de uma colectividade que, no fundo, é de todos. “Queremos que a UDCAS seja a referência da vila”, referem. As duas mulheres garantem que foram bem recebidas por todos e nunca em momento algum sentiram barreiras por serem mulheres.
“O Sobralinho, infelizmente, está transformado num dormitório e já nem conhecemos muitas das pessoas dos prédios novos. Saem de manhã e só voltam à noite. Mas somos uma terra de gente boa que merece uma colectividade à sua altura”, dizem. É durante a noite que as dirigentes arregaçam as mangas e vão distribuir folhetos com as actividades da UDCAS pelas caixas de correio do Sobralinho. O grupo quer continuar com as modalidades existentes e evoluir nas presenças em campeonatos. A aposta no desporto é, de resto, o foco principal dos novos corpos sociais. “Os nossos atletas são muito bons no que fazem e temos atletas campeões a nível nacional e internacional o que nos traz muito orgulho”, dizem.

Quem são os novos dirigentes?

Os novos órgãos sociais da UDCAS são compostos na direcção por Mónica Vintém (presidente), Ana Gomes (vice-presidente), Sónia Baião (tesoureira), Carolina Gonçalves, Carolina Fonseca, Ana António, Eduíno Andrade, Carlos Lizardo, José Miguel Morgado, Mário Salvador, Nuno Grilo, Patrícia Lizardo, Hugo Costa, Vanessa Burgo e Ricardo Nunes. Na assembleia-geral estão Maria João Amante como presidente e Aurora Salvador e Vítor Moitas como secretários. O presidente do conselho fiscal é João Caeiro que conta com Luís Gomes como relator e Sofia Moitas como secretária.

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