Jovem da Póvoa de Santa Iria realiza filme sobre os sonhos e o confinamento
Rodrigo Pereira Esteves tem 20 anos, está a estudar teatro e cinema e na pandemia realizou uma longa metragem amadora que está agora a concorrer a prémios em festivais de cinema.
“Por favor não me acordem para descobrir como morri. Eu vou contar-vos como morri. A meio desta insónia apercebi-me que quero muito sujar as mãos de terra, de sangue e ossos e desenterrar este cadáver”.
É com esta narração que começa o filme experimental realizado na Póvoa de Santa Iria por Rodrigo Pereira Esteves, 20 anos, natural da cidade e que está a estudar na Escola Superior de Teatro e Cinema. Desde o final de 2020 que tem desenvolvido um projecto audiovisual experimental, chamado “Submundus”, inspirado num estado neurótico em que as noções de amor, família e morte são obscurecidas e suscitam neuroses catalisadas pelo confinamento físico e psicológico que a comunidade viveu nos últimos dois anos.
Rodrigo explica a O MIRANTE que não tem familiares envolvidos no mundo das artes e que tudo lhe nasceu por paixão ao teatro e cinema. “É uma necessidade artística. Preciso disto e gosto de fazê-lo”, conta. O filme, como o próprio descreve, “é um sonho interrompido que nunca tem um fim claro e muito menos desejado pelo corpo que sonha e se vê encurralado no espaço mais seguro que conhece”.
O filme foi candidatado a vários festivais internacionais de cinema, nas longas metragens amadoras e que Rodrigo espera vir a ter boa aceitação. Por ainda estar candidatado o público não tem acesso integral ao seu visionamento mas Rodrigo espera poder vir a mostrá-lo à comunidade em breve. “A arte por vezes acontece mesmo quando estamos a dormir e os sonhos preparam-nos para alguma coisa que está por chegar. Seja social, política ou artisticamente. O filme é a minha inquietude em relação ao que o universo dos sonhos me quer transmitir”, explica.
Rodrigo esteve também envolvido no Grémio Dramático Povoense e diz que a cidade podia ser culturalmente mais dinâmica. “Há espaço para ser melhor e podia haver mais apoios municipais para projectos pessoais e colectivos de criação artística”, explica. Como o próprio diz no filme, a única forma de sair é entrar.


