Cultura | 25-11-2022 10:00

Cortiça, azeite e porco são parte importante da identidade do concelho de Abrantes

Cortiça, azeite e porco são parte importante da identidade do concelho de Abrantes
O debate explorou a identidade do território do concelho com três empresários

Os três produtos marcaram o debate numa das conferências do quinto Festival de Filosofia de Abrantes, que reuniu várias dezenas de pessoas no auditório da Biblioteca António Botto. Três empresários do concelho relacionaram o espaço com a tradição e economia locais.

Um dos pontos altos da quinta edição do Festival de Filosofia de Abrantes, que decorreu no auditório da Biblioteca Municipal António Botto, foi a conferência “Marcas e Signos de Abrantes”. O debate explorou a identidade do território do concelho, convidando três empresários do concelho: Paulo Estrada, da Sofalca, André Lopes, da Ourogal e Natália Margarido, da Margarido & Margarido.
Paulo Estrada descreveu com minúcia o processo de extracção de cortiça, “do sobreiro até hoje”, dando ênfase às “dificuldades que se atravessam para chegar a um fim”. A empresa localizada na Bemposta produz aglomerado negro de cortiça expandida e regranulado desde 1966. Para a produção do material, não é cortada nem danificada nenhuma árvore, apenas se cortam alguns ramos como manutenção do sobreiro, obtendo assim a cortiça de falca, origem do nome da empresa. A rolha das garrafas de vinho representa 70% do negócio, sendo o montado renovável a cada nove anos, explicou o empresário.
Portugal tem 55% de toda a produção mundial de cortiça, resultado dos 40 milhões de toneladas por ano que a floresta nacional oferece. A Sofalca detém duas marcas de design, a Blackcork e a Gencork, apostando no desenvolvimento de peças com cortiça expandida, material que era apenas utilizado na construção como isolamento.

Regionalização é importante para valorizar produtos
André Lopes, da Ourogal, não tem dúvidas de que o azeite tem uma envolvência cultural e social muito forte. Nos anos 90 o empresário regressou às origens, a São Miguel do Rio Torto. A Ourogal passou de um lagar de prensas para um primeiro lagar de linha contínua. A marca sustentou-se primeiro na variedade de árvore autóctone, a galega, introduzindo depois a variedade cobrançosa, típica de Trás-os-Montes. “Procurámos sempre a qualidade do azeite na parte sensorial”, explicou, lembrando que “Espanha é o maior produtor e o resto dos países mediterrânicos são os sete anões”. A Ourogal dedica-se hoje em dia quase em exclusivo à exportação, destinando 98% da sua produção ao mercado internacional.
Para André Lopes, a regionalização é uma medida muito importante para o desenvolvimento e promoção dos produtos. “Temos de olhar para a nossa região e para os hábitos das nossas gentes e transmitir isso no nosso produto”, vincou.

O legado e a ligação umbilical
a Abrantes
Natália Margarido é responsável pela empresa de abate e transformação de carne suína que em 2022 comemora 80 anos de actividade. Tudo começou com um pequeno negócio caseiro e familiar dos avós de Natália nas Mouriscas, onde as irmãs da “querida e meiga” avó Jacinta ajudavam a preparar, de forma “humilde e delicada”, os enchidos, com o “jeito rigoroso e exigente” que o avô António punha em tudo o que fazia, conta a empresaria. No final da década de 80 a empresa fixou-se em Alferrarede. “A nossa ligação a esta cidade e a esta região é umbilical, alicerçada nas tradições grastronómicas”, sublinha. O uso do fumeiro tradicional, os tempos distintos de processamento e as receitas, que são ainda as originais, marcam a diferença da Margarido & Margarido em relação à concorrência. Como parte da terceira geração, Natália Margarido “batalha diariamente para homenagear o caminho incutido pelos pais e pelos avós”.

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