Cultura | 10-01-2023 21:00

Os ‘corvos pretos’ da Póvoa de Santa Iria dão vida à história, mitos e lendas

Os ‘corvos pretos’ da Póvoa de Santa Iria dão vida à história, mitos e lendas
Grupo Black Raven recria eventos históricos e dá vida a mitologias nacionais

Chama-se Black Raven, que em português pode ser traduzido como “corvo preto”, e é uma associação da Póvoa de Santa Iria focada em recriar eventos históricos, visitas guiadas e dar vida a personagens dos mitos e lendas portugueses.

Dar vida a personagens do imaginário e do folclore português é apenas umas das muitas actividades que o grupo Black Raven, da Póvoa de Santa Iria, realiza de forma constante entre Portugal e Espanha. Vera Cardoso criou o grupo depois de uma vida de estudos e de paixão pela escrita, investigação, comunicação, ensino e artes performativas. Formada em História na área da arqueologia, autora de vários livros sobre o passado de Portugal, lendas e folclore nacional, decidiu criar a Black Raven há uma década e não há recriação histórica no concelho de Vila Franca de Xira que não conte com a presença do grupo, seja na recriação das invasões francesas ou o mercado quinhentista da Póvoa.
“Vamos trajados a rigor, temos uma participação activa, damos nas vistas, mas temos mais neste projecto para entregar. Também nos focamos no levantamento de património, visitas guiadas, exposições, workshops, investigação e formações. Nunca fazemos o mesmo”, conta a O MIRANTE. O grupo tem uma dezena de elementos e começou a expandir-se quando o filho de Vera Cardoso pediu para o ajudar com a caracterização de algumas personagens. Muitos chegaram da escola de formação de artes performativas e artes circenses Chapitô, dando hoje corpo a personagens como malabaristas, dançarinos de fogo, dríades, bruxas e até dragões. Fazem tudo por amor à camisola e paixão pela história e mitologia.
Vera Cardoso já passou noites a dormir no banco do carro juntamente com os elementos do grupo antes de um espectáculo. “São coisas da vida, todos sabemos que não é fácil fazer uma viagem até Espanha depois de um dia de trabalho. Muitas vezes aconteceu chegarmos a Espanha e não conseguirmos hotel. Dormimos no carro, mas de sorriso na cara por estarmos a fazer o que gostamos”, comenta.

Porto de abrigo
durante a pandemia
Vera Cardoso confessa a O MIRANTE que a pandemia teve um impacto bastante forte no grupo, com alguns elementos a perder o emprego. Foi na Black Raven que acabaram por se unir e manter a fé em dias melhores. “Temos no grupo pais, mães, jovens saídos do Chapitô a querer lutar por um futuro na área. A dificuldade da perda da profissão foi abraçada pelo grupo como um objectivo a superar e todos juntos vamos conseguindo manter-nos em actividade”, conta.
A criadora do grupo explica que no norte do país há muito conhecimento sobre os ritos antigos, mitos e lendas ancestrais que fazem parte do nosso folclore. No entanto nem sempre há colaboração dos populares para partilhar esses ensinamentos. “É muito moroso fazer o levantamento de património oral destes temas, principalmente porque o grupo é pequeno e porque as pessoas ainda receiam ser julgadas por saberem ou falarem destes assuntos”, conclui.

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