Saúde, pandemia e política dominaram testamento do Entrudo em Alhandra
Carnaval em Alhandra terminou na Quarta-feira de Cinzas com o tradicional enterro do Entrudo. Organização faz balanço positivo do Carnaval oficial do concelho de Vila Franca de Xira.
A falta de médicos de família, a pandemia e os jogos políticos marcaram o testamento deste ano do enterro do Entrudo em Alhandra, que se voltou a realizar na noite de Quarta-feira de Cinzas mas já sem as tradicionais cusquices da terra que, no passado, tornavam a noite especial.
Mesmo assim dezenas de foliões voltaram a sair às ruas para se despedir do santo, participar no velório e acompanhar o desfile fúnebre até à pira onde foi queimado, junto ao rio, debaixo de um céu pintado por fogo-de-artifício. A O MIRANTE a organização do Carnaval, a Sociedade Euterpe Alhandrense, fez um balanço positivo da edição deste ano, com centenas de participantes nos vários dias de festa. A terça-feira de Carnaval voltou a ser o dia mais forte com bastante adesão da comunidade. Aqui ficam alguns dos melhores versos do testamento do Entrudo em Alhandra:
“Que a maleita, Deus a tenha
Bem nos trouxe avariados
De máscara sempre na cara
Todo o dia mascarados!
Que loucura que isto foi
Era som de motocrosse
Dantes tossia para abafar um peido
Agora peido para disfarçar a tosse!
Até porque para morrer
Se bem que agora menos amiúde
Nem para passar um atestado
Há médico no centro de saúde!
Pois é isso, ouviram bem
Disso mesmo é que faz falta
Estranha forma que arranjaram
De tratar da saúde à malta!
Porque mesmo que receitem
Algo que te dê alento
A carestia é de tal forma
Que nem dá pró medicamento!
Do teatro já só as paredes
Que até parece que está bem
Qualquer dia está tudo no chão
E a culpa é de ninguém!
Cá me cheira que isto não anda
Porque é na terra dos choras
Se a treta fosse em Alverca
Estava feita e sem demoras!
E por falar em baile
Outra coisa bem malandra
Continua sem arranjo
Que é o campo do Alhandra!
Isto é gozar com o pagode
Esta história sei de cor
Façam como o Vilafranquense
E vão jogar para Rio Maior!
E nisto lá vai andando
Bem alegre o ti Cantiga
De braço dado com o PS
É o Roque e a amiga!
Porque isto de ser do PC
Já é coisa que não se usa
Por isso lhe virou costas
Antes da coisa ficar confusa!”.