Cegada estreia no Dia Mundial do Teatro peça sobre os caprichos do poder político
Peça “Num País onde não querem defender os meus direitos eu não quero viver” estreia a 27 de Março e vai ficar em cena até 2 de Abril no Teatro Estúdio Ildefonso Valério.
A burocracia do Estado e os caprichos da elite aristocrática que controla os poderes jurídico e executivo são o cerne da peça de teatro que a Companhia Cegada, de Alverca, vai estrear no dia 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, no Teatro Estúdio Ildefonso Valério.
A peça “Num País onde não querem defender os meus direitos eu não quero viver” vai estar em cena até 2 de Abril e deverá depois seguir para circulação nacional. Tem encenação de Rui Dionísio, director artístico do Cegada e dramaturgia de Marta Dias com interpretação de Ana Lúcia Magalhães, Eduarda Oliveira, Rui Dionísio e Vladimiro Cruz. Pode ser vista sextas e sábados às 21h00 e domingos às 16h00.
É uma peça baseada na narrativa do romântico alemão Heinrich Kleist a partir do legado deixado pelo fundador do Teatro da Cornucópia e dos Artistas Unidos. Foi adaptada por Rui Dionísio para quatro actores a partir da versão cénica de Jorge Silva Melo, estreada no Espaço Ginjal em 1997. Conta a história de Michael Kohlhaas, cidadão exemplar cuja probidade se transforma em rebelião e crime, percorrendo um trilho heróico que o coloca inter pares com Antígona, Édipo, Hamlet ou Fausto. Perante a injustiça, a humilhação e a destituição a que é sujeito, o negociante de cavalos dispõe-se a sacrificar tudo o que tem, incluindo a sua vida, pela restituição da ordem inicial: que os seus dois cavalos sejam devolvidos com saúde e que o seu criado seja indemnizado pelas agressões de que foi alvo.
Segundo a companhia, a peça assenta “no trágico confronto do cidadão com os limites do seu poder político” num momento em que a própria companhia Cegada, recorde-se, na sua condição de Entidade de Utilidade Pública gestora de um equipamento cultual público, se viu obrigada interpor em tribunal uma providência cautelar conjunta com outras estruturas teatrais nacionais, devido à forma como decorreu o programa de apoio sustentado 2023-2026 da Direcção-Geral das Artes e Ministério da Cultura.
As compahias de teatro, onde se inclui o Cegada, consideram ter sido violados princípios legais no concurso de estabilidade e imparcialidade, como O MIRANTE já noticiou.