Azambujeira tem um projecto cultural que promete fazer a diferença em Rio Maior
Henrique Carvalho, 30 anos, trocou Lisboa por Rio Maior e transformou o Museu Regional Manuel Nobre, em Azambujeira, num espaço multifuncional que abre portas para se conhecer a história da vila mais antiga do concelho
Os visitantes são convidados a cozer pão em forno de lenha, provar produtos regionais e visitar uma empresa da União de Freguesias de Azambujeira e Malaqueijo.
Quem passa pela Nacional 114 a caminho de Rio Maior tem mais uma razão para desviar caminho e subir à autointitulada localidade mais antiga do concelho. O Museu Regional Manuel Nobre, na aldeia de Azambujeira, tem um espólio etnográfico local e regional de dezenas de peças que varia consoante a altura do ano. O nome do museu é uma homenagem ao falecido presidente da Câmara de Rio Maior, entre 1980 e 1983, Manuel Sequeira Nobre, que teve participação cívica activa no concelho, contribuindo para a compra e restauro do edifício que alberga o museu.
Henrique Carvalho, natural da Ribeira de São João, em Rio Maior, dedica parte do seu tempo ao museu há cerca de um ano. Técnico de animação sócio-cultural, afirma a O MIRANTE que se cansou da azáfama de Lisboa e apresentou uma proposta de desenvolvimento turístico-cultural ao executivo da Junta de Freguesia de Azambujeira e Malaqueijo, uma vez que, considera, “Rio Maior não é só as Marinhas do Sal”. “Somos a última freguesia do concelho, estamos mais perto de Santarém do que de Rio Maior e este lado precisava de uma estrutura que pudesse trazer as pessoas cá”, afirma o jovem de 30 anos.
O espólio foi reunido a partir de objectos que a população foi cedendo, o que permitiu reabrir o museu com exposições diferentes de acordo com a época do ano, para que os visitantes pudessem voltar e criar programas de actividades que incluíssem as empresas locais. O museu convida os visitantes a cozer pão em forno de lenha, degustar produtos regionais e visitar empresas locais, de forma a dar a conhecer o processo de produtos como o azeite e o arroz. Pontualmente o museu recebe eventos no espaço exterior, como foi o caso de uma Jam Session no Verão de 2022 e do Mercadinho de Natal. “Para além de contar a história, um museu tem que ter vida ou passa a ser um armazém de objectos”, defende Henrique Carvalho.
O museu já foi considerado ponto de interesse pela Câmara de Rio Maior e conta com vários agendamentos para visitas de grupo. A maior atracção é neste momento uma pedra de fecho com uma lisonja, da extinta Capela de Santa Luzia, mandada construir em 1247, que teve lugar no actual cemitério da Azambujeira.
Henrique Carvalho e Pedro Coelho, secretário da junta que acompanhou O MIRANTE no dia da visita ao museu, revela que têm trabalhado em conjunto na manutenção do museu e na dinamização da vila, que tem vindo a melhorar as suas estradas e a criar novos caminhos que levam as pessoas aos pontos de interesse da Azambujeira: o museu, a Igreja Paroquial da Azambujeira, o pelourinho, único no distrito de Santarém, os trilhos e as paisagens. Pedro Coelho explica a O MIRANTE que o próximo passo é sinalizar os locais e conta que estão a pensar construir um miradouro no Monte de Santa Luzia, com vista para Santarém, para atrair turistas para a vila.
No dia em que a Azambujeira celebra 390 anos, a 27 de Maio, o Museu Regional Manuel Nobre vai projectar, na Igreja Paroquial de Azambujeira, localizada em frente ao museu, os 390 anos de história da povoação mais antiga do concelho de Rio Maior.