O livro dos animais que tem pessoas lá dentro
Apresentação do livro "Crónica dos Bons Amigos", de Santana-Maia Leonardo, encheu o auditório da Casa da Imprensa, em Lisboa.
“Crónica dos Bons Amigos", o novo livro de Santana-Maia Leonardo, foi apresentado em Lisboa no dia 31 de Março para um público que encheu o auditório da Casa da Imprensa. Ana Luísa Geraldes e Manuel Soares falaram do livro e do autor e não pouparam elogios. O editor da Rosmaninho prometeu candidatar o livro ao Plano Nacional de Leitura.
A apresentação começou com a intervenção de Ana Luísa Geraldes que reconheceu no convite a amizade que a liga ao autor. Na sua intervenção contou que nunca foi dona de um animal doméstico, por sempre ter vivido num apartamento, mas relatou uma história deliciosa passada em Londres onde vive uma das suas filhas. Num passeio matinal pelo jardim, com o cão pela trela, reparou que as pessoas que já conhecia de outros passeios pelo mesmo local, mas sem o cão, a cumprimentavam e metiam conversa como se ela fosse uma vizinha e conhecida lá do bairro. Ana Luísa Geraldes não esqueceu a presença de Maria Laura Santana, autora das ilustrações da capa e das badanas do livro, lembrou que a juíza conselheira jubilada do Supremo Tribunal de Justiça foi a primeira mulher na magistratura portuguesa a ser nomeada para aquele lugar. Recordou o tempo em que trabalhou ao seu lado e com quem, acrescentou, aprendeu imenso e que deve um grande respeito pela sua obra.
Manuel Soares recordou o autor do tempo em que foi trabalhar como juiz para a Comarca da Ponte de Sor, em Agosto de 1994. Mostrando reconhecer que Crónicas dos Bons Amigos é um livro com pessoas lá dentro, admitiu reconhecer durante a leitura a grande maioria dos lugares em Ponte de Sor, embora as memórias dos lugares já tenham cerca de 30 anos. Sobre o convite disse que o aceitou pela estima e admiração pelo cronista mas também pelo advogado. Adiantou, no entanto, que o convite chegou no limite de uma decisão, já tomada, de desaparecer do espaço público uma vez que está a acabar o seu mandato como presidente do sindicato dos juízes. Por último voltou a elogiar Santana-Maia Leonardo, dizendo reconhecer que o autor se identifica com a maioria dos sentimentos que estão expressos na sua escrita sobre os animais, e elogiou o facto de Santana-Maia Leonardo ser um homem do campo e da aldeia, e assumidamente uma pessoa que não larga as suas raízes.
Santana-Maia Leonardo fechou a conversa explicando que até aos 40 anos nunca teve animais em casa, e que na altura olhava para os cães como os homens brancos olhavam para os homens pretos há 100 anos. Depois um cão mordeu um dos seus filhos e, a partir daí, tudo mudou na sua relação com os animais.