A colectividade que nasceu na capela onde as festas substituíram as missas
Em Sinterra, uma aldeia do concelho de Santarém, foi criada uma associação recreativa, cultural e desportiva para animar uma localidade que tinha uma capela por concluir e que mudou de utilização para sede e recinto de festas da Associação Sinterrense. A associação tem cinco anos e está empenhada em legalizar as instalações, que não têm projecto.
A aldeia de Sinterra tem uma colectividade com mais associados que habitantes tem a localidade da União das Freguesias de Azoia de Cima e Tremês. A Associação Recreativa Cultural e Desportiva Sinterrense, criada em 18 de Maio de 2018, tem outras singularidades que a distinguem no concelho de Santarém, como a de ter a sede na capela da aldeia que esperava alguns acabamentos para começar a receber missas. Um grupo de amigos que se juntou porque não havia animação na terra tomou conta do edifício onde a torre nunca chegou a ter sinos e o altar foi substituído por um palco, onde da altura de três degraus o artista Madeira Show animou a festa de 25 de Abril com porco no espeto.
A aldeia não tem mais de 70 habitantes pelas contas do primeiro presidente da associação, que está a terminar o mandato de quatro anos. Nelson Ribeiro salienta que a colectividade tem um número de associados que é o dobro da população, em virtude de captar o interesse de pessoas residentes na sede de concelho. Na festa comemorativa do dia da Revolução dos Cravos, que incluiu um peddy-paper (prova de orientação por equipas) que juntou 18 viaturas e cerca de seis dezenas de participantes, estavam vários habitantes de Santarém presentes.
A capela tinha começado a ser construída por iniciativa da população há umas quatro décadas, com o material que se ia arranjando. O terreno tinha sido doado para esse efeito por um benemérito da terra. Quando surgiu a ideia de fazer a associação aceitou-se dar o espaço porque não havia um local para se fazerem as festas. Agora a população já tem umas festas anuais, que este ano decorrem de 12 a 15 de Agosto, e também se pode divertir nos bailes de Carnaval e da Pinha. Quem quiser ir à missa vai à antiga escola primária que foi adaptada para cerimónias religiosas.
O imóvel foi sendo construído sem projecto e ainda não está na posse da associação. Um dos objectivos da direcção, que além de Nelson Ribeiro é constituída pela vice-presidente Ana Ferreira e a tesoureira Helena Silva, é iniciar o processo de regularização da situação. Primeiro vão ter de mandar fazer um projecto do que está construído e depois tratar de registar a cedência das instalações à associação. Além disso, o empenho de todos os dirigentes é de continuar a fazer actividades para animação da terra, sendo que o dinheiro angariado é para investir na organização de eventos e em melhoramentos, como o de recuperação do telhado que precisa de ser substituído.