Um projecto de teatro inovador com alunos do Agrupamento de Escolas de Alcanena
A professora Gabriela Capaz é a directora artística de um projecto de teatro inovador com alunos que surgiu de uma ideia de Ana Cláudia Cohen, directora do Agrupamento de Escolas de Alcanena. O musical Mamma Mia é o último sucesso do grupo amador que juntou em palco cerca de meia centena de alunos do primeiro ciclo ao ensino secundário.
Alegria, magia e cor foram os principais ingredientes que compuseram o último espectáculo do grupo de teatro do Agrupamento de Escolas de Alcanena. O musical Mamma Mia, com direcção artística da professora Gabriela Capaz, levou a palco cerca de meia centena de alunos do primeiro ciclo ao ensino secundário. Um espectáculo solidário onde foram entregues mil euros ao Centro de Bem-estar Social de Minde. A peça esteve em cena nos dias 11 e 14 de Maio, no cine-teatro São Pedro, em Alcanena.
A directora do agrupamento, Ana Cláudia Cohen, conta a O MIRANTE que o grupo nasceu há cerca de uma década. “As artes são um complemento muito importante à educação. Os alunos aprendem a saber estar em diversas situações e contextos, a falar em público e adquirem competências interpessoais”, salienta, acrescentando que é um projecto que fomenta a igualdade e inclusão social. Ana Cláudia Cohen defende que a comunidade académica deve acompanhar e valorizar o trabalho do grupo e apela ao bom senso dos professores para não marcarem avaliações para o dia seguinte aos espectáculos. “Os alunos são desafiados a sair da sala de aula e têm muitas horas de ensaio na véspera dos espectáculos”, explica, salientando que o musical integra a Bienal Cultural e Educação do Plano Nacional das Artes.
A directora artística Gabriela Capaz, com histórico familiar de teatro amador e ex-actriz no grupo de teatro de Minde, Boca de Cena, conta que começaram a fazer teatro para duas dezenas de pais no refeitório da escola e que hoje esgotam a sala do cine-teatro São Pedro, com lotação para 300 pessoas. “No teatro descobrimos, reinventamos e partilhamos experiências, cumplicidade e amor”, diz Gabriela Capaz, orgulhosa do grupo que coordena, não esquecendo o papel da sua colega de profissão Lídia Neves, de 61 anos, que fica nos bastidores a auxiliar na troca de vestuário.
O grupo de teatro dedica-se aos musicais, sendo alguns exemplos anteriores O Rei Leão, Matilda e Música no Coração. Apesar de várias vezes reestruturado, dadas as saídas dos alunos para as universidades e para o mercado de trabalho, o grupo consegue manter-se sólido e unido, sendo encarado como mais do que um grupo de teatro escolar, que cativa um público cada vez mais diversificado, trazendo ao teatro população de dentro e fora do concelho e de todas as idades.
Desenvolvimento através do teatro
Tiago Gameiro, de 16 anos, integrou o grupo quando ainda andava na escola primária. Actualmente no 11º ano de Línguas e Humanidades, chama a atenção pela espontaneidade com que comunica e representa. Os pais sempre o levaram ao teatro e desde pequeno que tem como referência os musicais de Filipe La Féria. A personagem mais desafiante que fez foi o pássaro Zazu, no musical de O Rei Leão. Para imitar a exuberância daquele pássaro, recorreu a pesquisas e a vídeos do musical. O jovem realça a cumplicidade do grupo em palco e nos bastidores. O sucesso do grupo, explica, está na capacidade de improviso e no facto de a professora distribuir os papéis consoante as valências de cada aluno. Tiago Gameiro afirma que a escola tem um papel fundamental em dar a conhecer a arte de representar e que a forma de trazer mais crianças e jovens ao teatro é ir ao encontro das temáticas que lhes interessam. De futuro pensa seguir Direito, mas não descarta a possibilidade de pertencer a um grupo de teatro amador, uma vez que, para si, o teatro também funciona como uma terapia.