Cultura | 30-05-2023 07:00

Apanhar a espiga e ver a entrada de toiros em Quinta-Feira de Ascensão na Chamusca

Apanhar a espiga e ver a entrada de toiros em Quinta-Feira de Ascensão na Chamusca
Na Chamusca continua a cumprir-se a apanha da espiga nos campos da lezíria

Dezenas de pessoas, de várias idades, juntaram-se no feriado municipal de Quinta-Feira de Ascensão para apanhar a espiga nos campos da Chamusca. Mais tarde, uma multidão encheu a rua principal da vila para assistir à entrada de toiros que este ano decorreu novamente sem incidentes.

A Quinta-feira de Ascensão ou Quinta-Feira da Espiga, como também é designada, é feriado municipal em vários concelhos da região ribatejana, mas só na Chamusca se mantém a tradição da entrada de toiros e da apanha da espiga. À semelhança de anos anteriores, a União de Freguesias Chamusca e Pinheiro Grande cumpriu a tradição e reuniu dezenas de pessoas para apanharem a espiga nos campos da Chamusca.
A concentração das famílias para a saída em romaria decorreu às oito da manhã no Jardim Joaquim Maria Cabeça; quase todos se deslocaram de carro, mas ainda há quem tenha optado pelas tradicionais charretes, tractores ou bicicletas. Os mais jovens, como é habitual no dia mais esperado do ano na Chamusca, não chegam a sentir a textura dos lençóis; os mais velhos levantam-se cedo e durante o trajecto conversam sobre como tem corrido a Semana da Ascensão, a maior festa do concelho.
O caminho de pouco mais de meia dúzia de quilómetros conta com algumas paragens; numa das carrinhas, uma jovem toca concertina acompanhada pelas palmas da assistência. Apanha-se a espiga enquanto se explica o seu significado: simbolizam o amor, a vida, a saúde, a paz e a fartura; são compostas habitualmente por espigas de trigo, malmequeres, papoilas, um ramo de oliveira, um esgalho de videira e um pé de alecrim ou rosmaninho, depois penduram-se em casa para dar. No final, decorreu o habitual lanche partilhado na casa de Jorge Santos, secretário da assembleia de freguesia, onde se homenageou Francisco Matias, histórico autarca da Chamusca que faleceu em Janeiro deste ano.

Mais de 100 km para ir à Ascensão
Joaquim Pacheco, de 74 anos, desloca-se há 11 anos da Quinta do Conde, no concelho de Sesimbra, para a Ascensão na Chamusca. A O MIRANTE afirma que cumpre “a tradição completa” e que vai à missa benzer a espiga. Na Quinta-feira de Ascensão levanta-se às sete da manhã para se arranjar e apanha boleia para o campo; depois muda de roupa para ir à entrada de toiros com o filho, a nora e o neto: “Ver os toiros na rua com tanta gente é maravilhoso”, partilha. A seguir ao almoço vai ver o rancho folclórico, porque gosta de subir a palco na moda em que o rancho lança o convite à população. Às 17h00 segue para a tradicional corrida de toiros em Quinta-Feira de Ascensão e a animação só termina já perto da madrugada seguinte.

Entrada de toiros atraiu para as ruas da vila milhares de pessoas no feriado de Quinta-Feira de Ascensão

Entrada de toiros sem incidentes

Os chamusquenses aguardam durante o ano pela entrada de toiros em Quinta-Feira de Ascensão. Este ano milhares de pessoas voltaram a encher a Rua Direita de São Pedro para assistir à corrida desenfreada de toiros, cabrestos, campinos e cavaleiros, em direcção à praça de toiros, numa distância de 1,5 quilómetros. A entrada teve início depois das 13h00, demorou cerca de quatro minutos e decorreu sem qualquer incidente.

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