FICOR juntou produtores e artesãos em Coruche
Artesãos locais expuseram os seus artigos durante a Feira Internacional da Cortiça de Coruche – FICOR. Paulo Nunes deu nas vistas com a mobília feita em cortiça, Dília Silva com malas de senhora feitas em junco e António Monteiro com encadernações em cortiça.
Uma cama feita em madeira e cortiça chamou a atenção para o expositor de Paulo Nunes durante a Feira Internacional da Cortiça de Coruche – FICOR.
“Proibido tirar fotografias” podia ler-se num pedaço de cartão pousado aos pés da cama. O motivo era evitar que os visitantes se sentassem em cima da mobília, uma peça única e exclusiva e que vai fazer parte de um alojamento local que vai nascer na freguesia do Couço.
Paulo Nunes está a fazer a mobília toda em cortiça para este projecto, desde mesas-de-cabeceira, tapetes, cabides e lavatórios. Tudo feito por gosto uma vez que é proprietário de uma empresa de jardinagem, a sua actividade principal. Este ano o valor da cortiça subiu entre 30% a 40%, o que significa que não é acessível a qualquer pessoa, conta Paulo Nunes.
As características da cortiça levam a que esta matéria-prima esteja presente em vários tipos de artigos e tenha diversas aplicações como por exemplo na encadernação. António Monteiro, trabalhador da Câmara de Coruche, é o único a fazer encadernações com cortiça no concelho. Um passatempo que diz reunir poucos interessados e que aos poucos se vai perdendo. O trabalho é todo feito à mão. Encaderna as folhas de papel com cortiça e as capas são pintadas pela esposa. António Monteiro não perde tempo nas redes sociais e vende os seus cadernos em eventos municipais e na Feira Internacional de Artesanato uma vez que é artesão certificado.
Durante a Feira Internacional da Cortiça (FICOR), artesãos e produtores divulgaram os seus negócios no Centro de Exposições, situado no centro da vila de Coruche. Foi também o caso da empresa Juncus, criada em 2017 por Dília Silva e Nelson Silva, que quiseram dar continuidade a uma actividade familiar. “Os pais do Nelson já trabalhavam com o junco mas nós quisemos inovar e desenvolvemos produtos novos. Apostamos em moda juvenil, peças para usar em casa e no dia-a-dia”, conta Dília Silva.
São quatro pessoas que trabalham na Juncus a tempo inteiro. Uma mala pequena pode demorar oito horas até estar pronta. O junco, uma planta selvagem, é apanhado nos campos de Coruche nos meses de Junho, Julho e Agosto. Depois vai ao armazém para secar e só após esse processo vai para o tear. A seca não tem contribuído para o junco uma vez que precisa de muita água para proliferar. O ano de 2022 foi difícil para a Juncus por causa da falta de chuva. O projecto da Juncus está sediado numa antiga escola primária na freguesia da Fajarda onde em breve vão ser dados workshops aos interessados em aprender a trabalhar com junco. As malas são vendidas na sede da empresa, através das redes sociais e em lojas físicas fora do país.