Cultura | 13-06-2023 07:00

Cegada de Alverca pede ajuda ao município depois de perder apoios do Governo

Cegada de Alverca pede ajuda ao município depois de perder apoios do Governo
Companhia de teatro de Alverca criou espectáculos que atraíram 8.275 espectadores no último ano. FOTO CEGADA

Companhia de teatro de Alverca escreveu uma carta ao executivo da Câmara de Vila Franca de Xira apelando à necessidade urgente de apoio financeiro para que o Teatro Estúdio Ildefonso Valério, propriedade municipal, possa continuar de portas abertas.

Excluída dos apoios financeiros provenientes da Direcção-Geral das Artes e com pouco mais de 36 mil euros dados anualmente pela Câmara de Vila Franca de Xira, a companhia de teatro Cegada comunicou aos vereadores do município, na última semana, por e-mail, que a situação a manter-se levará ao fecho do Teatro Estúdio Ildefonso Valério (TEIV), em Alverca, que é propriedade municipal.
“A companhia Cegada solicita encarecidamente a melhor atenção da câmara alertando que o contrato-programa em vigor, no valor anual de 36.050 euros, se afigura descontextualizado para as despesas estruturais do TEIV”, lê-se na missiva. A companhia reitera a necessidade urgente de apoio financeiro extraordinário por parte da câmara para garantir o funcionamento estrutural e humano do TEIV, o único teatro municipal do concelho com actividade cultural regular e que no último ano acolheu 8.275 espectadores em mais de duas dezenas de espectáculos.
Na missiva enviada aos autarcas, a que O MIRANTE teve acesso, a companhia dá conhecimento que a ausência de meios financeiros provenientes do Governo “resulta na incapacidade de manutenção e consequente encerramento” do TEIV, que promoverá uma nova situação de edificado público devoluto “à semelhança de equipamentos culturais propriedade do município como o auditório do Scala, o Fórum Cultural da Chasa ou o Teatro Salvador Marques”. O Cegada já esteve reunido com o presidente do município no dia 24 de Maio mas não obteve qualquer garantia de financiamento adicional além do que já está plasmado no contrato-programa que garante 36.050 euros. Uma verba que se mantém inalterada desde 2018.
“A equipa de profissionais afecta (ao TEIV) presta um serviço público de criação e acolhimento artístico de relevo a nível nacional, ímpar em toda a região norte da Área Metropolitana de Lisboa”, apela a companhia, que desde 2018 já conseguiu obter mais de 693 mil euros de apoios do Governo, cessados em Janeiro deste ano depois de uma candidatura polémica que gerou protestos de várias companhias nacionais, pela forma como foi conduzida pelo Ministério da Cultura.

Oposição quer respostas
Vereador David Pato Ferreira, da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT), mostrou-se “muito preocupado” com a situação do Cegada e diz que está na hora da câmara tomar decisões difíceis e sacrificar outros investimentos para salvar o funcionamento do TEIV. “O Cegada promove um conjunto de actividades que nenhuma outra companhia tem condições de fazer como eles. Temos de tomar uma posição sobre este assunto que passará por suportar o Cegada”, apelou.
Também a CDU, pela voz de Anabela Barata Gomes, lamentou a situação em que se encontra o Cegada, lembrando a sua importância na divulgação cultural na comunidade e questionou o que pensa fazer o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, sobre o assunto. O autarca deixou os vereadores da oposição sem resposta notando apenas que haverá tempo “para reflectir” sobre o assunto e prometeu abordá-lo num momento futuro.

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