Histórias de mulheres na Biblioteca da Póvoa de Santa Iria
“Mulheres da minha ilha, mulheres do meu país” foi o livro apresentado na biblioteca municipal da Póvoa de Santa Iria. A plateia identificou-se com histórias retratadas na obra de Ana Cristina Pereira.
A repórter e escritora Ana Cristina Pereira apresentou na Biblioteca Municipal da Póvoa de Santa Iria a sua obra mais recente, “Mulheres da minha ilha, mulheres do meu país”. Ao falar sobre o livro, a autora mergulhou nas histórias de mulheres, ligadas ao arquipélago da Madeira, revelando as diferentes experiências, desafios e conquistas ao longo do tempo. As mulheres deste livro nasceram num intervalo de 50 anos. Entre a mais velha e a mais jovem há um mundo de diferenças: o país mudou, as perspectivas e liberdades expandiram-se e, com elas, vieram novas possibilidades e novos obstáculos. “Leio o país a partir de um território e faço ligações para que uma mulher que viva no concelho de Vila Franca de Xira se identifique”, disse a escritora a O MIRANTE.
Na plateia, as mulheres identificaram-se com os testemunhos relatados no livro. Foi o caso da presidente da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, Ana Cristina Pereira, curiosamente com o mesmo nome da autora. “Em 1990 fui a primeira mulher da minha família a ter um curso superior. O meu pai tinha a quarta classe e a minha mãe a terceira. Na faculdade ainda se ouviam conversas sobre o que estávamos ali a fazer, se procurávamos marido. Vivi o Portugal com preconceitos mas a educação foi fundamental para o salto. Mas ainda há muito por fazer”, revelou a autarca.
Cada capítulo revela fragmentos de vidas vividas com força, resiliência e determinação. Persiste um grande mito em relação à história das mulheres, de que não trabalhavam. Em casa, as mulheres cozinhavam, lavavam roupa, tratavam dos filhos e faziam trabalho agrícola. Mas só o trabalho assalariado é que era considerado trabalho. “A ideia de que as mulheres não trabalhavam e que só o começaram a fazer há pouco tempo é completamente falsa. O que aumentou nos últimos tempos foi o trabalho assalariado, formal, e com direitos”, diz a escritora.