Jovens de todo o mundo partilham paixão pelo piano no Sardoal
Oitava edição do Festival Internacional de Piano do Sardoal foi um sucesso e há cada vez mais jovens estrangeiros a participarem na iniciativa que é um ponto de encontro de quem tem paixão pela música, em particular pelo piano.
Durante alguns dias ao andar-se pelas ruas do Sardoal foi possível ouvir a música clássica que saía das igrejas, capelas e do auditório do Centro Cultural Gil Vicente. Durante uma semana a vila recebeu 50 alunos que participaram na 8ª Edição do Encontro Internacional de Piano, evento que, no total, mobiliza cerca de cem participantes. Na entrada do Centro Cultural Gil Vicente a repórter de O MIRANTE encontra um aluno brasileiro que aguarda para ter aula. Luís Filipe Oliveira, 26 anos, vive em Recife. Dá aulas de piano, produz recitais e toca em concertos. Em 2019 participou num concurso de música em Viseu. Foi aí que teve conhecimento da Academia Internacional de Música Aquiles Delle Vigne. Nesse mesmo ano regressou a Portugal, desta vez a Coimbra, onde a Academia está sediada, e tornou-se aluno da escola que é a organizadora do Encontro Internacional de Piano, em parceria com a Câmara do Sardoal.
Luís Oliveira já tinha estado no Sardoal mas esta foi a primeira vez que participou no encontro. O jovem brasileiro descobriu a música clássica num festival na sua cidade, Gravatá, a cerca de 40 quilómetros de Recife. “Lá não havia pianos para estudar. Havia um piano num hotel e como eles precisavam de alguém para tocar todas as sextas-feiras disponibilizei-me para o fazer e pedi para poder tocar todos os dias. Foi assim que fui à Internet buscar o máximo de informação para aprender e tocar para os turistas do hotel”, recorda, acrescentando que o a iniciativa do Sardoal acrescenta conhecimento a todos os participantes.
Numa das salas do Centro Cultural está Federica Iacovelli, italiana de 24 anos, que se prepara para uma aula com o professor Manuel Araújo. Esta é a sua primeira vez no Sardoal e foi o seu professor em Itália, que conhecia Manuel Araújo, a incentivá-la a participar. Fez o conservatório de música, só toca piano e sonha, além de dar concertos, ser professora de música. Confessa ter ficado encantada com a vila do Sardoal e surpreendida por uma localidade tão pequena ter um piano, o que não é normal.
Sentada em frente ao piano, Nika Awer treina as melodias que vai tocar perante o olhar atento da sua professora. A alemã, de 13 anos, toca piano desde os cinco anos depois dos seus pais terem comprado um piano para casa. A jovem esteve no Sardoal pela primeira vez. Quis participar para conhecer novas pessoas, ouvir música e formas diferentes de aprender música. Em Leipzig, cidade onde vive, frequenta uma escola de música. “Este festival dá-nos novos conhecimentos e é muito divertido. Fiz amigos, conheci pessoas que partilham comigo a paixão pela música e pelo piano e isso é muito enriquecedor”, confessa a jovem alemã.
“Queremos que este encontro chegue cada vez a mais pessoas”
O Festival Internacional de Piano do Sardoal foi uma ideia de Manuel Araújo, director artístico e executivo e sócio-fundador da Academia Internacional de Música Aquiles Delle Vigne. Manuel Araújo deu um concerto no Sardoal e ficou surpreendido com o facto do Centro Cultural Gil Vicente ter excelentes condições. “É dos poucos equipamentos culturais que tem um piano, instrumento base para quase todos os tipos de música. Falei com o presidente do município, Miguel Borges, que apoiou a ideia e avançamos”, conta.
Natural de Vila Nova de Gaia, Manuel Araújo, 40 anos, começou a tocar piano em jovem e fez o bacharelato e mestrado em Música Clássica em Roterdão [Holanda] onde viveu cerca de uma década. No final dos estudos ficou a dar aulas na universidade como professor assistente. Em 2009 ele e a esposa decidiram regressar a Portugal, ao Porto, onde vive. Foi nessa altura que surgiu a hipótese de criar a Academia Internacional Aquiles Delle Vigne. O director artístico confessa que o Encontro Internacional de Piano do Sardoal superou todas as expectativas porque vêm jovens de todo o mundo. O demais longe é do Japão. "Queremos que o encontro chegue cada vez a mais pessoas que partilham a paixão pela música e em particular pelo piano”, conclui.