Cultura | 25-07-2023 18:00

As bandas filarmónicas mais pequenas têm tendência para acabar

As bandas filarmónicas mais pequenas têm tendência para acabar
Joana Bispo é membro da banda e presidente da direcção da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro

A Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro garante o ensino e a prática da música. Tal como acontece com muitas outras colectividades, debate-se com a dificuldade de atrair jovens para o associativismo, confessa a presidente da associação de Montalvo, Joana Bispo, que seguiu as pisadas da mãe e já tem a filha na banda.

A Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro, de Montalvo, é como uma família e a presidente da direcção, e música, Joana Bispo, 40 anos, bem pode dizê-lo com toda a propriedade. A dirigente é o elo do meio que une três gerações da família à colectividade, já que a mãe também foi presidente da direcção e a filha, de 13 anos, integra a banda como música. “A associação para mim é como se fosse um filho, uma segunda casa, que tenho de tomar conta todos os dias”, confessa.
E tal como as famílias precisam de se renovar para não se extinguirem, a associação do concelho de Constância também necessita de sangue novo para prosseguir a sua missão. Só que não é fácil encontrar voluntários que queiram pertencer aos órgãos sociais, principalmente à direcção, nem músicos para integrar a banda. A colectividade de Montalvo tem cerca de 200 sócios, mas a maioria não tem um papel activo devido à idade ou por não querer assumir responsabilidades.
“A tendência das bandas filarmónicas mais pequenas é acabar porque os jovens não se identificam”, sublinha Joana Bispo para evidenciar a dificuldade em atrair jovens que têm hoje muitas outras solicitações. A banda está a entrar num momento de crise devido à falta de elementos, pois alguns estão na universidade e os mais novos ainda estão em formação na escola de música, sendo uma fase que exige maior organização e gestão na aceitação de serviços, sublinha a presidente.
Joana Bispo considera importante manter a tradição das bandas filarmónicas, admitindo que é mais fácil atrair os pais dos jovens a inscreverem os filhos na escola da música do que em arranjar elementos para a banda. Mas não esconde o desejo de formar uma orquestra com os pais, que já pertenceram à banda, e os filhos.
A Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro foi fundada a 24 de Janeiro de 1986 por um grupo de amigos. A missão passa por promover a música na comunidade, fomentar o ensino musical e formar futuros executantes, tendo actualmente uma banda, escola de música e coro. Como fontes de receita conta com as quotas mensais dos sócios (de um euro), com o apoio do programa municipal, da comunidade e de candidaturas ao Ministério da Cultura. Joana Bispo admite que este ano tem sido muito desafiante e exaustivo para a direcção, maestro e músicos, exigindo um grande esforço que, muitas vezes, não é reconhecido.
A banda filarmónica é composta por 25 elementos, actualmente, entre os 12 e cerca de 40 anos, sendo que alguns são estudantes universitários e não conseguem estar presentes regularmente. Os ensaios realizam-se semanalmente, na sede em Montalvo, durante duas horas. O primeiro elemento da banda a sair e ingressar no ensino profissional de música foi uma clarinetista que já participa em eventos a nível nacional e internacional, constituindo um orgulho para a associação que a formou.
A escola de música ensina pessoas de todas as idades, sendo, maioritariamente, crianças dos seis aos 12 anos. Ao longo do ano, a associação organiza actividades no concelho de Constância, como a comemoração de dias festivos, o aniversário da associação, concertos, a Oficina da Música, o desfile de Pais Natal, apresentações dos alunos da escola de música e participa também em saídas, festas de Verão e romarias, na iniciativa Praça com Vida, na Feira do Livro, entre outros. O maestro, Miguel Alves, prepara o repertório tendo em consideração o público que assiste, o contexto e a actualidade. O objectivo passa por manter a associação activa e organizar projectos novos e diferentes, como a ideia de um musical.

Três gerações ao serviço da associação

Joana Bispo, 40 anos, presidente da associação, entrou no mundo da música inspirada pelo pai, músico de animação em festas populares, e pela sua mãe, apaixonada por música e antiga directora da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro. Começou a aprender música aos 13 anos na associação e quando cumpriu a parte teórica escolheu como instrumento o clarinete. Tencionou sair da banda devido à falta de tempo quando foi estudar Engenharia e Gestão Industrial, em Portalegre, mas a mãe, presidente da associação na altura, não concordou. “Foi o melhor que fez porque ainda cá estou e se tivesse saído talvez não tivesse regressado”, afirma Joana Bispo. Estreou-se na presidência da associação em 2009, durante dois anos, e em 2020 voltou à liderança.
Pertence à banda filarmónica, juntamente com a filha de 13 anos, porque gosta de manter a tradição, pelo gosto musical e para dar continuidade ao trabalho de dirigente da sua mãe que abdicou de muito tempo com a família pela associação, tal como Joana actualmente. Além da presidência, da banda e do coro, também é administrativa numa empresa e considera que a pior parte é conciliar todas as funções. A família por vezes acaba por ficar para trás.

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