Cultura | 14-08-2023 21:00

Leonor Teles apresenta primeira longa-metragem no Festival de Locarno

Leonor Teles apresenta primeira longa-metragem no Festival de Locarno
Leonor Teles vence o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim, na categoria de curtas-metragens, em 2016. fotoDR

Jovem realizadora de Vila Franca de Xira já venceu o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim, na categoria de curtas-metragens, e estreou recentemente o seu novo filme, intitulado “Baan”.

A realizadora portuguesa Leonor Teles, natural de Vila Franca de Xira, estreou este mês a primeira longa-metragem de ficção, “Baan”, mas reconheceu, em entrevista à agência Lusa, que o que lhe dá mais prazer é a fotografia. “Não tenho assim um interesse tão grande em realizar, porque dá muito trabalho, porque não há assim tantos apoios, porque há muita falta de investimento e porque sobretudo gosto é mesmo de fotografar. É mesmo aquilo que me dá mais prazer. É a fotografia”, admitiu.
Recorde-se que Leonor Teles foi mais jovem realizadora de sempre a vencer o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim, na categoria de curtas-metragens, aos 23 anos, e arrebatou o júri com uma história sobre a xenofobia que atinge a comunidade cigana de onde é oriunda. Cresceu e vive em Vila Franca de Xira e o seu modo de vida foi sempre diferente do de uma jovem cigana. “O crescimento de um jovem na cultura cigana é árduo, porque é limitado. É difícil para um cigano arranjar emprego fora da comunidade”, salientou a jovem realizadora em entrevista dada a O MIRANTE nessa altura.
Leonor Teles esteve agora no Festival de Cinema de Locarno com o filme de ficção “Baan”, na competição oficial. Durante a produção de “Baan”, assinou a direcção de fotografia dos filmes “Azul”, de Ágata de Pinho, “By Flávio”, de Pedro Cabeleira, e o díptico “Mal Viver” e “Viver Mal”, de João Canijo. “As pessoas têm e querem ser multifacetadas e trabalhar em muito mais áreas. Todo o trabalho em fotografia que tenho feito só enriqueceu o meu trabalho em realização”, disse Leonor Teles.
“Baan/Casa” foi rodado em Lisboa e em Banguecoque durante e depois da pandemia, seguindo os passos de L., uma jovem arquitecta, naquilo que Leonor Teles descreve como “uma viagem” pelas emoções daquela personagem interpretada por Carolina Miragaia. O elenco conta ainda com a actriz canadiana Meghna Lall. O argumento foi coescrito com Ágata de Pinho e Francisco Mira Godinho, mas Leonor Teles explica que todos os seus filmes acabam por ser biográficos. Nessa jornada emocional da protagonista de “Baan”, Leonor Teles ainda aborda os problemas da sua geração, como a precariedade laboral, a habitação, o preconceito e gentrificação das cidades. E em tudo isso, o filme faz a ponte entre Lisboa e Banguecoque, onde Leonor Teles há muito queria filmar.
“Baan/Casa”, produzido por Uma Pedra no Sapato, é o quinto filme realizado por Leonor Teles, desde que fez a curta-metragem, “Rhoma Acans” (2013), em contexto escolar. “Balada de um batráquio” (2016) valeu-lhe o grande prémio de melhor curta do festival de Berlim, seguindo-se a longa documental “Terra Franca” (2018) e a curta “Cães que ladram aos pássaros” (2019). A 76.ª edição do Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, decorre de 2 a 12 de Agosto.

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