Santarém vai ‘vender’ museu de Abril junto dos altos responsáveis da Nação
Museu de Abril e dos Valores Universais que a Câmara de Santarém está a projectar encaixa na perspectiva da criação de um museu nacional de história contemporânea defendida pela Comissão Comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril. Ricardo Gonçalves vai dizê-lo ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.
A comissária executiva da Comissão Comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola, defendeu em entrevista recente ao Expresso que a história contemporânea de Portugal merece e exige um museu e o presidente da Câmara de Santarém, entende que essa intenção encaixa que nem uma luva no projecto do MAVU – Museu de Abril e dos Valores Universais - que a autarquia pretende concretizar na antiga Escola Prática de Cavalaria (EPC). Um espaço emblemático e umbilicalmente ligado à Revolução dos Cravos pois foi dali que saiu a coluna comandada pelo capitão Salgueiro Maia que, em Lisboa, teve papel preponderante no derrube da ditadura do Estado Novo.
Na última reunião do executivo camarário Ricardo Gonçalves referiu-se a essa entrevista e disse que vai dar nota ao Presidente da República e ao primeiro-ministro de que em Santarém está a ser trabalhado um museu que se enquadra nas intenções expressas pela comissária e que não conta com financiamento externo, quer da Administração Central quer da União Europeia. “Vamos dizer que pode ser em Santarém esse tal museu”, afirmou o presidente da Câmara de Santarém, referindo que os grandes projectos não têm necessariamente que ficar todos em Lisboa.
O projecto do MAVU já é falado há alguns anos e, nos primórdios, chegou a perspectivar-se a sua inauguração durante o cinquentenário do 25 de Abril, o que seguramente não vai acontecer pois o projecto ainda não saiu do papel apesar de já terem sido tornados públicos alguns esboços. Em Junho último a Câmara de Santarém contratou os serviços para elaboração do projecto de execução do Museu de Abril e dos Valores Universais (MAVU) à empresa X Atelier, por 370 mil euros, com um prazo de execução de 330 dias. Essa informação está disponibilizada no portal Base que centraliza a informação sobre os contratos públicos celebrados em Portugal.
A construir na parada de onde partiu a coluna liderada por Salgueiro Maia na madrugada de 25 de Abril de 1974 o projecto prevê a construção do MAVU entre a Torre da Trindade e a Porta de Armas, ficando virado para o Jardim da República e o Convento de São Francisco. Os custos apresentados para a construção rondavam os oito milhões de euros.
Em Agosto de 2022 o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, esteve em Santarém para conhecer o projecto do MAVU. Na reunião com autarcas foi apresentado o projecto cultural do museu através de uma contextualização histórica, seguida pela apresentação da proposta arquitectónica vencedora do concurso, bem como do projecto de museologia que lhe está subjacente. Segundo nota de imprensa divulgada pela Câmara de Santarém, Pedro Adão e Silva “destacou o aspecto inovador em termos museológicos da temática da democracia e apontou algumas possibilidades para o melhor desenvolvimento do MAVU”.