Um livro que retrata o Ribatejo de há um século
“Serranos, Campinos e Bairrões – Etnografia e Falares do Ribatejo” é um livro que é também um compêndio de usos e costumes e um dicionário sobre palavras e expressões usadas no falar desta região
“Serranos, Campinos e Bairrões – Etnografia e Falares do Ribatejo” é um livro que é também um compêndio de usos e costumes e um dicionário sobre palavras e expressões usadas no falar desta região, sobretudo na zona serrana, ao longo dos tempos, que ainda hoje perduram na memória e no vocabulário de alguns. O exaustivo trabalho de recolha realizado por Francisco Serra Frazão - um homem de cultura multifacetado que nasceu na Serra de Santo António (Alcanena) e viveu entre 1881 e 1948 – chega à actualidade graças à vasta compilação concretizada pelo seu bisneto Luís Duarte Melo, um autor natural de Santarém que se tem dedicado à investigação histórica, nomeadamente na vila de Alcanede. Daí a autoria da obra ser creditada aos dois.
Deixamos aqui alguns exemplos de vocábulos usados noutros tempos pelas gentes serranas do Ribatejo, com a descrição do seu significado por Serra Frazão:
Nansairo – Maneira viciosa de pronuncia a palavra necessário. Também há quem diga nascairo.
Ourejar – Arejar, sofrer moléstia ou prejuízo por virtude do ar; perder a humidade, o viço, a frescura, pela acção do ar. Deve ser modificação de arejar.
Romanchar – É encostar-se, é fazer cera, é mandriar, é escanzorrar-se para deixar passar o tempo sem fazer coisa alguma.
Sacabucho – Pronúncia modificada de saca-bucha e dá-se a este nome a um homem pequeno e fraco.
Terno – Não se trata da pedra de dominó que nos mostra três pintas, nem da carta de jogar com três sinais, nem tampouco de olhar lâmguido que os Manéis botam às Marias e vice-versa. Quando os fluidos amorosos se conjugam. Terno é uma cambalhota.
Trabuzana – é a tempestade, é a noite de fortes venbtanias, cuva ou pedriço, grandes charoucadas, relâmpagos iluminando tudo, os trovôes ribombando ao longe, enquanto a família se aconchega tremendo em volta das brasas da lareira ou se embrulha nas grossas mantas da pancada…
Tchanga-lapanga – Espécie de onomatopeia para designar um homem molangueirão, pesadão, indolente, de andar bovino.