Filarmónica do Entroncamento precisa da comunidade para ultrapassar dificuldades
Pandemia deu início a um dos períodos mais negros da história da Associação Filarmónica do Entroncamento.
Houve um decréscimo no número de alunos e de membros da banda que agravaram as dificuldades financeiras da colectividade. António Paixão, presidente da associação, diz que as dificuldades existem, mas a qualidade do trabalho da colectividade permanece intacta.
A Associação Filarmónica do Entroncamento foi fundada a 20 de Fevereiro de 1984 e, cerca de quatro décadas depois, atravessa um dos períodos mais difíceis da sua existência. A colectividade, que tem disponíveis aulas de educação musical individuais e de grupo, para além da banda filarmónica, o seu ex-libris, está a passar por dificuldades devido ao afastamento de vários membros e ao decréscimo do número de alunos devido à pandemia. Actualmente, a associação tem cerca de uma centena de sócios activos. A banda conta apenas com pouco mais de uma dezena de elementos, um número que coloca em causa o seu funcionamento. No entanto, a grande preocupação da direcção, presidida por António Paixão, tem que ver com a redução drástica no número de alunos que caiu para metade em quatro anos (actualmente existem 35).
António Paixão tem 61 anos e é natural da Meia Via, concelho de Torres Novas, onde começou a sua relação com a música, ainda com oito anos, como membro da banda. É técnico de electrónica e telecomunicações, profissão que o obriga, várias vezes, a estar em diversas zonas do país acabando por comprometer, em certas alturas, a sua disponibilidade para com a associação. Há 25 anos mudou-se para o Entroncamento e é desde 2011 membro dos órgãos sociais da Filarmónica do Entroncamento sendo o presidente desde 2015. António Paixão admite que a associação atravessa um dos piores momentos, mas que a qualidade dos serviços oferecidos permanece intacta. “Temos professores licenciados e mestres que dão aulas em conservatórios e, por isso, mesmo que não certifiquemos ninguém a qualidade do ensino é inquestionável”, explica. As dificuldades têm sido, principalmente, financeiras. “Temos um ensaio semanal para a banda e se aparecerem oito pessoas já é muito bom. O que os alunos e sócios pagam chega apenas para as despesas fixas e para pagar aos professores. O apoio camarário vai todo para pagar ao maestro da banda. Ultimamente temos tido poucas actuações porque não temos gente. Na maior parte do ano a população nem se lembra que existe uma banda no Entroncamento”, lamenta o presidente.
António Paixão diz que é necessário a ajuda de todos, inclusive da autarquia, cujos apoios considera reduzidos para reerguer a banda e consequentemente a associação. “Investe-se muito noutros sectores e acho bem, mas por vezes parece que a cultura fica esquecida. Após a pandemia reduziram-nos o apoio, na altura em que mais precisávamos e desde então não temos conseguido voltar a encontrar um ponto de estabilidade”, lamenta. O objectivo, acrescenta, passa por conseguir sobreviver estando em equação uma paragem na banda por tempo indeterminado. “Futuramente queremos ultrapassar este mau momento e revitalizar a banda. Temos reuniões marcadas para definir estratégias e sugestões para apresentar à câmara, para saber se é possível haver mais ajudas para tentar cativar mais jovens a fazer parte da nossa família”, explica.