Cultura | 30-10-2023 18:00

A bailarina de Cuba que é professora e fundadora da academia Arabesque em Ourém

A bailarina de Cuba que é professora e fundadora da academia Arabesque em Ourém
Yolexis Santana Vila com alguns dos 150 alunos da Arabesque Academia de Dança em Ourém

Yolexis Vila é bailarina, professora e fundadora da Arabesque Academia de Dança, em Ourém. É natural de uma aldeia em Cuba e veio para Portugal para cumprir o sonho de abrir o seu próprio espaço e transmitir os seus conhecimentos.

Yolexis Santana Vila, 43 anos, é natural de uma aldeia em Cuba e há mais de três décadas que alimenta a sua grande paixão: dançar. É bailarina, professora e fundadora da Arabesque Academia de Dança, em Ourém. Olha para a dança como “a parte mais importante da sua vida” e a melhor forma de expressar emoções ou mensagens. A sua avó conta-lhe que, aos três anos, já dizia que queria ser bailarina. Mas o seu percurso começou aos nove, quando se inscreveu nas audições na Escola de Artes em Camaguey, Cuba, onde se manteve durante oito anos a aprender principalmente ballet. “Em Cuba existe uma grande exigência nas escolas de artes”, conta a O MIRANTE, explicando que é um país que valoriza muito os seus artistas.
Enquanto bailarina integrou a Companhia de Ballet Clássico de Camaguey durante cinco anos, onde participou no elenco de vários bailados como solista e corpo de baile por Cuba e América Latina. O espectáculo “A morte do Cisne” foi o momento que mais a marcou por ter sido ensaiada por Fernando Alonso, “uma personalidade da dança que todos ansiavam ter algum contacto por ser visto como um ídolo”, admite. Simultaneamente, frequentou a licenciatura em Ballet Clássico no Instituto Superior de Arte em Camaguey durante a noite.

Normalizar a dança nos homens
Yolexis Vila chegou a Portugal há cerca de duas décadas, depois de fazer uma audição em Cuba para trabalhar no Conservatório Regional do Algarve “Maria Campina”. O seu grande objectivo era continuar a dançar e ser professora de dança, mas não esconde que já nessa altura sonhava abrir o seu próprio espaço. Admite que ao contrário de Cuba, em Portugal as artes ainda não são encaradas como uma profissão. A sua primeira experiência como professora foi com uma turma de 21 rapazes. “É uma questão cultural, em Cuba é muito normal existir bailarinos do género masculino. Em Portugal ainda é algo que se está a construir”, refere, acrescentando que normalizar a dança nos homens é um passo a seguir para que os alunos, principalmente do primeiro ciclo, não sofram na escola com os comentários dos colegas.
Em 2010 fundou a Arabesque Academia de Dança para ter o próprio espaço onde ensina os alunos de forma que todos se sintam bem independentemente das capacidades. Tem cerca de 150 alunos, entre os 3 e os 17 anos, que podem escolher entre o regime livre ou articulado consoante o nível de exigência que procuram. Ensina ballet, dança contemporânea e hiphop e organiza aulas com coreógrafos de Portugal e estrangeiro, apresentações e espectáculos como o “Adagio”, um encontro internacional de dança que permite o contacto com outras escolas de dança de diferentes países.
Começar a praticar desde criança, enquanto o corpo se está a formar, é essencial para ter um bom desempenho no futuro, explica Yolexis Vila. Foco, maturidade, disciplina e concentração são algumas das competências que a dança possibilita adquirir, assim como aumenta a capacidade de memória e de coordenação. “Para te tornares um bom bailarino tens que trabalhar mais do que os outros, dormir bem e ser disciplinado com o corpo e alimentação”, vinca a fundadora da Arabesque.
Yolexis Vila revela, com orgulho, o sentimento de ver alunos que começaram aos três anos a crescerem e evoluírem na Arabesque, como é o caso de David Anagnoste e Diana Pereira, de 13 anos, que fazem parte da academia desde os quatro e os três anos, respectivamente. A professora diz que a apresentação da peça criada pelos seus alunos de dança no último ano foi um dos momentos mais marcantes da sua experiência em Ourém. “É nesse momento que nos apercebemos das capacidades e todas as competências que os alunos adquiriram enquanto estiverem na academia. Quando vou à sala e vejo o público emocionado e sensibilizado com o trabalho não consigo esconder a minha felicidade”, partilha.

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