Cultura | 01-11-2023 21:00

Filarmónica de Salvaterra de Magos é uma escola de vida que completou 143 anos

Filarmónica de Salvaterra de Magos é uma escola de vida que completou 143 anos
Banda Filarmónica de Salvaterra de Magos comemorou os 143 anos com uma arruada

Banda Filarmónica de Salvaterra de Magos completou recentemente 143 anos de existência. Ao longo de mais de um século tem demonstrado ser um caso de sucesso, mantendo um grupo de professores sólido, alunos motivados e projectos novos.

A Associação Cultural e Musical de Salvaterra de Magos, composta pela Academia de Música Salvaterrense e pela Banda Filarmónica de Salvaterra de Magos, é uma escola de vida para mais de uma centena de jovens e adultos. Por ocasião dos 143 anos da banda, O MIRANTE falou com o maestro para ficar a conhecer as razões que fazem do projecto uma referência. Daniel Manuel, natural de Benavente, é maestro, professor de clarinete, coordenador pedagógico da academia de música e pai de Maria Madalena, de 14 anos, que toca clarinete na banda há cinco anos. As suas preocupações enquanto pai reflectem-se na relação que tem com os seus alunos, procurando que se tornem homens e mulheres e que não desistam à primeira contrariedade: “costumo dizer que quem consegue tocar num concerto de solistas como o que fizemos este ano vai estar muito mais à vontade para apresentar um trabalho na escola”, considera, acrescentando que tem uma especial preocupação com o aproveitamento escolar. “Não é só passar de ano, é passar com boas notas”, sublinha.
O percurso na Banda Filarmónica de Salvaterra de Magos começa com a iniciação ao instrumento. Depois os alunos são seleccionados pelos professores para a orquestra juvenil, que os prepara para tocarem na banda filarmónica. Só quando o maestro decide é que se inicia um período de estágio na banda, que dura de sete a oito meses. Daniel Manuel afirma que a maior dificuldade da associação é ter mais alunos, “porque 100 não chegam”, garante, salientando que querem este ano passar dos 40 elementos na banda. Daniel Manuel confessa que a escola pública podia dar mais às filarmónicas, com a reformulação da disciplina de Educação Musical. “Ir além daquilo que é uma flauta de bisel ou um xilofone. Ouvir música erudita, jazz, outros estilos, mas também conhecê-los mais detalhadamente. Precisamos de saber ler uma pauta, mas principalmente ter sensibilidade para aquilo que é a arte da música. Se estamos a educar para a música, os alunos deviam ficar a conhecer alguma coisa e não só as notas musicais”, afirma.
O repertório da banda é extenso e vai desde a música clássica ao pop, passando pelo rock, baladas e rapsódias. Segundo o maestro, no Natal vai haver uma série de concertos com um coro a quatro vozes, um espectáculo que reúne cerca de 80 pessoas em palco. A academia de música é quase autossuficiente, mas as mensalidades não chegam para pagar aos professores, estando a banda dependente das actuações em festas e dos apoios do município que, nas palavras de Daniel Manuel, são fundamentais para o projecto.

Jovens são o futuro da Banda de Salvaterra de Magos, que este ano quer passar dos 40 elementos

Seis décadas dedicadas à banda

Hernâni Damásio, de 76 anos, não é o elemento com mais idade da banda, mas é o que tem mais experiência. Diz que a banda foi uma “herança familiar” e por isso lutou sempre pela sua continuidade, estando presente no momento em que deixou de pertencer à Associação Humanitária dos Bombeiros de Salvaterra de Magos por motivos monetários, em Setembro de 2010. Nasceu então a Associação Cultural e Musical de Salvaterra de Magos e, em 2011, o músico fundou a Academia de Música para aumentar a oferta de instrumentos e porque, segundo afirma, “as bandas só têm sustentabilidade se tiverem uma escola de música”.
Hernâni Damásio começou na banda aos 15 anos a tocar corneta; mais tarde trocou para a trompa. O trombone acabou por surgir com a morte de um colega músico, tocando assim o instrumento há mais de 40 anos. “Tem sido muito bom porque no fundo isto é honrar as memórias daqueles que por aqui passaram”, afirma, com emoção, referindo que ver o filho e os netos a tocar na banda lhe faz recordar os tempos em que era mais novo.

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