Na Feira Nacional do Cavalo também há espaço para as artes
A Feira Nacional do Cavalo é cada vez mais um certame que aposta na diversidade de oferta. Exemplo disso são Cesaltina Pereira e Carlos Dinis, que estiveram na Golegã para mostrar a qualidade dos seus trabalhos manuais. Naturalmente que os vendedores de castanhas também não faltaram.
Cesaltina Pereira, de 69 anos, é uma das poucas artesãs que procura divulgar os seus trabalhos na Feira Nacional do Cavalo, na Golegã. Pinta azulejos há mais de quatro décadas e tem expostas em loja peças que fazem alusão à feira, entre outros artigos. Integrou um curso de restauro do centro de emprego que se tornou, mais tarde, num curso de pintura de azulejos. Procurou integrar formações para ir aprendendo cada vez mais, explica. De pintura de azulejos passou à pintura de loiça, explicando que não existe grande diferença na forma de exprimir a sua arte. Já realizou centenas de trabalhos, alguns dos quais vendeu para países como Canadá, Estados Unidos da América e França. Actualmente utiliza as redes sociais para divulgar as obras de arte e trabalha por encomenda. Algumas das placas de ruas da Golegã foram feitas por Cesaltina Pereira.
Carlos Dinis, escultor de 51 anos, tem no espaço “Três Pereira” algumas das suas peças, nomeadamente uma que faz referência à lenda de São Martinho. Trabalha como auto-didata há 23 anos e afirma que começou a esculpir por considerar interessante a hipótese de construir algo com as próprias mãos no mundo modernizado em que vivemos. O escultor indica que muitas vezes, pela qualidade das obras, as pessoas colocam em causa se o trabalho foi realmente feito à mão. Carlos Dinis explica que as imperfeições nas esculturas são propositadas e diferenciam cada uma das peças, o que garante a sua autenticidade. Carlos Dinis aprendeu a ser artista através da repetição e nunca baixou os braços nos momentos em que errava. O escultor já expôs os seus trabalhos em várias cidades e vilas. Para Carlos Dinis, natural de Covão do Feto, Alcanena, a arte é uma forma de libertar a mente.
Não podiam faltar as castanhas
Rafael Ferreira, 20 anos, é um dos comerciantes que apostou na Feira Nacional do Cavalo para fazer negócio. Natural de Moscavide, o vendedor de castanhas tem na sua juventude, e visível energia, uma das armas para conquistar clientes. A O MIRANTE explica que seguiu as pisadas dos pais e dos avós tendo começado a desenvolver gosto pelo ofício aos 17 anos. Quando atingiu a maioridade decidiu começar a trilhar o caminho da independência. O facto de não ter prosseguido os estudos não significa que tenha deixado de estudar, refere. Para vender, prossegue, é necessário estudar a forma adequada de abordar os clientes para não ser demasiado intrusivo ou fazer demasiado espalhafato. O jovem explica que também é necessário estudar e, mais do que isso, praticar a forma correcta de assar a castanha, para além da organização do material de trabalho. O pai e o seu avô ensinaram-no a ser disciplinado, a respeitar sempre o cliente e perceber que para ter estabilidade na vida é preciso trabalhar muito e fazer sacrifícios. Uma das suas tarefas futuras é tentar motivar o seu irmão mais novo a interessar-se pelo negócio de família.
No recinto do Largo do Arneiro estão Alcina Santos e Paulo Santos, irmãos lisboetas, a vender castanhas. Paulo Santos, 56 anos, começou cedo a ir com o pai para a feira. Tal como a irmã, auxiliava o pai nas feiras mais concorridas e onde eram precisos mais braços de trabalho. Paulo Santos explica que os vendedores de castanhas presentes na feira estabelecem um preço para a venda das castanhas que, para quase todos, é um ofício que representa um rendimento extra, “uma ajuda financeira para ajudar a pagar as contas”.
Novidades na Feira Nacional do Cavalo fizeram a diferença
A edição deste ano da Feira Nacional do Cavalo, na Golegã, foi um sucesso e as novidades que a organização apresentou foram bem recebidas por todos. O canal de “streaming” da Feira Nacional do Cavalo ultrapassou as 50 mil visualizações e mais de 25 países assistiram em directo às transmissões das provas equestres que decorreram no Largo do Arneiro e no Centro de Alto Rendimento de Desportos Equestres - Hippos. A organização afirma que foram publicadas mais de 60 horas de Feira Nacional do Cavalo.