Semana Santa de Sardoal inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
Para Miguel Borges, presidente da Câmara do Sardoal, é o reconhecimento de uma tradição com séculos e do trabalho de muitos anos e de muitas pessoas.
A Semana Santa e Festa do Espírito Santo no Sardoal foi inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, anunciou a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), notícia recebida com “alegria e orgulho” pelo município. “É um reconhecimento completamente justo porque a população tem sabido manter a tradição durante séculos, tem sabido transmiti-la de geração em geração e é uma alegria e um orgulho muito grande para todos nós”, disse à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges.
Na contextualização da classificação anunciada pode ler-se que, “no âmbito do ciclo pascal do município de Sardoal, decorre um conjunto de actividades de cariz religioso, que integram a vivência fortemente ritualizada da Quaresma e da Semana Santa”. As celebrações têm início no Sardoal duas semanas antes da data fixada pelo calendário litúrgico para a Páscoa, com a “Procissão dos Passos”, e encerram 50 dias após o Domingo de Páscoa, com a “Festa do Espírito Santo” ou “Festa do Bodo”.
A DGPC destaca outros momentos, como a “Bênção e Procissão dos Ramos” no Domingo de Ramos, celebração que introduz a Semana Santa, e, uns dias depois, a “Procissão do Senhor da Misericórdia”, também conhecida como “Procissão dos Fogaréus, da Visitação ou do Mandato”, que decorre de noite à luz de pequenos fogachos ou archotes, a par da “Procissão do Enterro do Senhor”, na tarde de Sexta-Feira Santa, e a “Procissão e o Anúncio Solene da Ressurreição do Senhor”, no Domingo de Páscoa.
“Embora se desconheça a data em que se iniciaram as celebrações da Semana Santa no Sardoal, existem documentos que confirmam a realização da Procissão dos Passos em meados do século XVIII, já nessa época em relação estreita com as Irmandades que ainda hoje lhe estão associadas”, indica a DGPC. À semelhança de outras celebrações da Semana Santa que acontecem um pouco por todo o país, a manifestação no Sardoal “assenta na riqueza das festividades e na forte valorização da tradição da Páscoa pela comunidade local, com reconhecido enraizamento histórico, religioso e espiritual”, sublinha a nota informativa.
Com esta inscrição, pode ainda ler-se, “a DGPC reconhece a relevância desta prática enquanto reflexo identitário da comunidade no presente, a sua importância histórica e influência social, cultural e religiosa no território em que se insere, assim como a valorização das dinâmicas de reprodução e transmissão desenvolvidas entre gerações”.
Para Miguel Borges a classificação “é o reconhecimento desta tradição e do trabalho de muitos anos e de muitas pessoas”, tendo indicado que a mesma “confere responsabilidade ao município” de a “ajudar a manter e a potenciar, em termos turísticos, patrimoniais e económicos, preservando o essencial: a fé, a religiosidade e todo o saber popular em volta desta tradição”. O pedido de registo foi submetido pela Câmara Municipal do Sardoal, resultado de um processo de investigação no terreno conduzido em grande parte desde 2017, em estreita colaboração com os elementos directamente envolvidos na manifestação cultural e religiosa.