Cultura | 31-12-2023 07:00

José Pires construiu em Mação um presépio em movimento com 150 peças

José Pires construiu em Mação um presépio em movimento com 150 peças
José Pires e a esposa dedicam boa parte do ano a realizar um presépio em movimento que cativa gerações

José Pires é serralheiro mecânico e nas horas vagas aproveita para construir figuras para o seu presépio em movimento. Natural da aldeia da Serra, concelho de Mação, é lá que está o presépio com 150 peças, todas feitas à mão por si. O objectivo é manter vivo o que diz ser o verdadeiro espírito de Natal.

Na aldeia da Serra, concelho de Mação, há um presépio com cerca de 150 peças, todas feitas à mão. O autor do presépio é José Pires, de 57 anos, serralheiro mecânico. A ideia de construir um presépio em movimento (todas as peças se mexem) surgiu em 2010 depois de uma visita a Penela (distrito de Coimbra), onde José Pires e a esposa, Maria Adélia, visitaram o presépio local. Saíram de lá com a ideia de criar algo semelhante e nesse dia passaram por Fátima e compraram as primeiras figuras. “Comecei a fazer vários testes e vários modelos para ficar como queria. A maioria das peças são em metal e podem durar uma vida inteira”, conta José Pires a O MIRANTE, acrescentando que o que dá “vida” aos bonecos é um pequeno motor de micro-ondas que faz rodar o prato onde as figuras estão colocadas.
As bolas de pingue-pongue servem de cabeças para as figuras. Utiliza muitas peças de máquinas de lavar roupa para os seus bonecos, como lhe chama. Um dos seus irmãos tem uma oficina de metalomecânica na aldeia e também o ajuda com materiais que já não precisa. Além das figuras tradicionais do presépio foram acrescentados um lagar, serração, nora, um senhor a lavrar no campo, uma carroça a rolar, uma azenha, uma moagem, entre muitos outros. A estrutura onde está montado o presépio tem 8,5 metros de comprimento e dois metros de largura e funciona num espaço da Associação Recreativa e Cultural da Serra.
José Pires faz questão de ter uma representação das actividades que se desenvolviam no seu concelho no século passado. A esposa é o seu braço-direito e a responsável por vestir as imagens. Vai às lojas de retrosaria à procura de tecidos para costurar a roupa que vai ser colocada nas imagens do presépio. Em 2011 o presépio abriu ao público e todos os anos tem sido um sucesso. O presépio está montado durante o ano todo num espaço próprio e que abre ao público por altura do Natal. No entanto, se aparecerem grupos ou instituições que queiram visitar o espaço em qualquer altura do ano também é possível. Este ano o presépio, que foi inaugurado a 16 de Dezembro, pode ser visitado até 8 de Janeiro.

Paixão pela terra
Cada peça é única e demora o seu tempo a ser construída. José Pires é um apaixonado pela sua terra. Vive em Alenquer há 33 anos e é serralheiro metalomecânico numa fábrica em Santa Iria da Azóia há 35. São raros os fins-de-semana que não vai à sua aldeia em Mação, onde tem os pais e os irmãos a viver. Quer que o seu presépio se torne cada vez mais conhecido para também a sua aldeia ter cada vez mais visitantes. Uma semana antes de abrir o presépio ao público tira sempre uns dias de férias para se dedicar a tudo com afinco. Todos os anos não pode faltar o musgo que a esposa vai buscar à floresta. José Pires adora o Natal sobretudo pelo convívio familiar e detesta o consumismo associado a esta época festiva. O seu desejo é que o seu presépio em movimento continue a funcionar para as gerações futuras darem continuidade. “Este presépio é uma maneira de manter vivo o verdadeiro espírito do Natal que, infelizmente, se está a perder aos poucos”, reflecte.

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