Descentralizar educação é essencial para o sucesso escolar dos alunos
Responsáveis pelas comunidades intermunicipais da região e presidente da Câmara da Sertã participaram numa iniciativa da FAPOESTEJO onde partilharam reflexões sobre a educação e os projectos em vigor para combater o insucesso escolar.
Carlos Miranda, presidente da Câmara Municipal da Sertã, Miguel Pombeiro e António Torres, secretários executivos das Comunidades Intermunicipais do Médio e Lezíria do Tejo, respectivamente, estiveram na Escola Dr. Ruy D’Andrade, no Entroncamento, para falar sobre a descentralização na educação, os desafios educacionais dos municípios e os projectos em vigor. A palestra decorreu no âmbito da tomada de posse dos novos órgãos sociais da Federação de Associações de Pais do Ribatejo e Oeste (FAPOESTEJO), que passa a ser presidida por Daniela Almeida.
Os três oradores concordam e acham positiva a transferência de competências para os municípios. Carlos Miranda admite que é um meio importante, mas que deve ser aprofundado na relação entre municípios, escolas e famílias. “As associações de pais fazem parte do projecto e devem sentir isso” afirma. Os cursos profissionais foram outro dos temas em cima da mesa. “O curso de formação profissional não é mau para os alunos. Não significa que no fim do secundário não possam seguir para o ensino superior. Há até casos de alunos que seguiram e o curso profissional foi uma mais-valia pela experiência e conhecimentos que adquiriram antes” defende António Torres. Miguel Pombeiro afirma que no Médio Tejo cerca de 40% dos alunos do ensino secundário optam pelos cursos profissionais que, na sua opinião, são uma mais-valia e não devem ser desvalorizados como muitas vezes são.
Sobre a descentralização na educação, os três responsáveis falaram sobre os projectos educativos que estão em curso e que se prevêem implementar. A Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo está na fase de elaboração da terceira carta educativa para os 11 municípios que a constituem. Com excepção de Rio Maior, foi realizada uma candidatura comum com os restantes 10 municípios ao plano integrado de combate ao insucesso escolar. O plano conta com equipas multidisciplinares munidas de psicólogos e animadores socioculturais que identificam os grupos de alunos com mais dificuldades e provenientes de realidades mais difíceis. Nos 19 agrupamentos de escolas foram dadas formações de robótica a professores e criadas “salas do futuro”.
Carlos Miranda deu o exemplo do trabalho desenvolvido pela autarquia da Sertã, destacando o facto de existirem sete turmas do 10º ano no concelho, número que considera bastante positivo para uma cidade do interior. O autarca explicou ainda que é fundamental os municípios ajudarem as escolas a construir um currículo local para valorizar o currículo nacional. À semelhança do projecto da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, o município da Sertã possui uma equipa multidisciplinar para fazer a ponte entre as escolas e as famílias, nomeadamente as que vivem em contextos mais complexos.
Miguel Pombeiro defendeu que a descentralização não é uma responsabilidade apenas da Administração Central. ”A autonomia que os agrupamentos têm para a vertente curricular e pedagógica também é uma forma de descentralização. Os agrupamentos têm de aceitar os deveres e essa responsabilidade”, disse.