Célia Leiria lança álbum “Mulher Amor” e estreia-se como compositora
Fadista ribatejana vai lançar simbolicamente o seu novo trabalho no Dia Internacional da Mulher. Célia Leiria considera que “a mulher, infelizmente, ainda tem muito que batalhar para alcançar algo”.
A fadista Célia Leiria, natural de Alcanhões, Santarém, estreia-se como compositora no seu novo álbum, “Mulher Amor”, que sai na sexta-feira, 8 de Março, assinando com o escalabitano Pedro Amendoeira uma das dez composições do alinhamento. O álbum é lançado no Dia Internacional da Mulher, uma escolha da fadista que, em declarações à agência Lusa, afirmou que “a mulher, infelizmente, ainda tem muito que batalhar para alcançar algo, nunca são partes iguais ao nível de homem/mulher”. “É sempre com muito trabalho e esforço, que a mulher consegue chegar a algum lado”, afirmou.
Célia Leiria recuperou do repertório de Teresa Tarouca (1942-2019) o tema que dá título ao álbum, “Mulher Amor” (Lima Brummon/António Chainho). A escolha deste título “foi pelo significado em si, do amor de uma mulher, seja qual for, um amor não correspondido, um amor proibido, um amor à cidade de Lisboa. O amor da mulher é sempre muito especial”, argumentou. “Sempre gostei de cantar o amor, e este tema acompanha-me há muitos anos”, acrescentou.
O novo álbum sucede a “Caminhos”, editado há 11 anos. “Foi um longo tempo de um disco para o outro, para chegar a este resultado, mas no espaço de um disco para o outro houve um amadurecimento em mim, enquanto pessoa, enquanto mulher, entretanto fui mãe, e há um crescimento e um amadurecimento entre um disco e outro que a mim faz todo o sentido”, disse a fadista ribatejana.
Referindo-se à recuperação deste tema e de outros que fazem parte do alinhamento do disco, criados por nomes como Maria da Fé, Fernanda Maria ou Anita Guerreiro, Célia Leiria afirmou: “Temos coisas tão bonitas no nosso legado fadista que não é só apresentar coisas novas, mas também trazer ao presente temas muito bonitos que ficaram lá atrás, mas continuam muito actuais”. Referindo-se ao legado fadista, acrescentou: “Se cá estamos hoje, a eles o devemos, como costumo dizer, nunca esqueço de quem me carregou às costas”.
Além de Marta Rosa, Célia Leiria desafiou outro fadista, Gonçalo Salgueiro, “a escrever um poema” para a sua filha, Maria Ana, que também participa no álbum. A fadista qualifica o tema ‘Maria, Flor de Jade’ como “familiar”, pois foi feito para a sua filha com música composta por si, o que é uma estreia, e pelo pai, Pedro Amendoeira, tendo sido criada uma frase musical para permitir a participação da filha no clarinete. Além da participação simbólica de Maria Ana, no clarinete, neste álbum, surgem outros instrumentos como o contrabaixo (Varlos Menezes), e outro menos habitual na prática fadista, o acordeão, pelo músico brasileiro Luciano Maia. Neste álbum Célia Leiria é ainda acompanhada pelos músicos Pedro Amendoeira, na guitarra portuguesa, João Filipe, na viola, e Carlos Menezes, na viola baixo e contrabaixo.