Sociedade Recreativa e Musical da Pedreira faz a diferença no apoio à população mais velha
A Sociedade Recreativa e Musical da Pedreira, no concelho de Tomar, dedica-se a dar resposta às necessidades da população sénior com a Estrutura Residencial de Pessoas Idosas e serviços de apoio domiciliário.
O presidente da instituição falou a O MIRANTE sobre os projectos inovadores em curso, como a construção de habitação colaborativa, e sobre desafios que enfrentam.
A Sociedade Recreativa e Musical da Pedreira (SRMP), no concelho de Tomar, fundada há 84 anos, tem vindo a contribuir para o bem-estar social e cultural da comunidade. Joaquim Góis, 63 anos, pertence à direcção há 35 anos e está no terceiro mandato como presidente, dando o seu contributo voluntariamente, assim como os restantes oito elementos da direcção e os cerca de 400 associados. Prontamente demonstrou a sua simpatia e disponibilidade em mostrar a O MIRANTE as instalações da Estrutura Residencial de Pessoas Idosas (ERPI), onde se desenrolou a conversa.
Inicialmente dedicada à música com banda filarmónica, a SRMP expandiu o seu alcance para o desporto, nomeadamente o futebol e atletismo. O futebol salão surgiu de seguida com uma equipe de elite que dominou as competições distritais. O sector musical continua a ser considerado o “ADN da instituição” pela importância da música no desenvolvimento individual e na transmissão de valores como a responsabilidade, cooperação, dedicação e disciplina, ressurgindo em força nos anos 90 com a criação de uma escola de música e um coro polifónico. A banda filarmónica conta actualmente com cerca de 35 elementos que participam em iniciativas pelo país, além dos cerca de 30 elementos do pólo de ensino que abrange a Pedreira, zonas rurais envolventes e a cidade de Tomar. Aproveitando o facto de ter o rio Nabão “à porta” têm apostado no desporto de natureza, com caminhadas e descidas de canoagem, tendo também a intenção de recuperar a prática de futsal que cessou entretanto. Ao longo dos anos, ampliaram e melhoraram a sede e construíram um polidesportivo através de candidaturas, também utilizado para eventos recreativos e culturais. Organizam a festa anual da aldeia, eventos em datas comemorativas, encontros de bandas filarmónicas e torneios de futebol para dinamizar a aldeia.
O momento mais marcante da SRMP foi a construção de uma Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) - “Lar Raízes do Nabão”, em 2014, depois de se tornar uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), por considerarem que existia falta de espaços que dessem resposta às necessidades da população idosa. O investimento superior a dois milhões de euros deu uma nova casa a 50 utentes e emprego a 44 funcionários. “As dificuldades e responsabilidades são imensas e é preciso muito esforço para zelar pela sustentabilidade do lar. A instituição cada vez mais acolhe uma população com média de idades dos 90 anos que é bastante dependente, o que exige muito esforço, cuidados e recursos humanos”, frisa o presidente.
Uma das prioridades estratégicas da instituição é proporcionar um serviço de apoio domiciliário melhorado e adequado às necessidades de cada utente, que não tem vaga na ERPI ou que prefere manter-se na sua residência, durante os sete dias da semana. Um dos projectos em curso através da candidatura aprovada pelo PRR, em que vão concorrer ao concurso público brevemente, é a construção de habitação colaborativa que visa alojar idosos que ainda sejam autónomos e que desejam combater a solidão. Joaquim Góis prevê que em Abril de 2025 esteja concluída a construção de quatro apartamentos T2 com várias áreas comuns, dirigida a 16 utentes, tendo a possibilidade de se expandir para o dobro caso surja a necessidade. “Aconchego Pedreirense” é um projecto que também pretende apoiar a população idosa dando resposta a diversas dificuldades através do voluntariado. A expansão da ERPI com residências que preservem a individualidade para mais 11 utentes é outro dos projectos que a instituição pretende executar.
Quanto ao futuro da SRMP, a maior preocupação do presidente é a sustentabilidade financeira da ERPI, devido à falta de apoio adequado do Estado, além da incerteza sobre a sucessão na liderança da instituição, que levanta sempre questões sobre sua continuidade.