Cultura | 12-03-2024 07:00

Rota das Adegas em Atouguia é um exemplo da força do associativismo em Ourém

Rota das Adegas em Atouguia é um exemplo da força do associativismo em Ourém
Mais de duas centenas de pessoas estiveram presentes na 19ª edição da Rota das Adegas em Atouguia, concelho de Ourém, tendo aproveitado para conhecer as várias adegas da freguesia e conviver

19ª edição da Rota das Adegas de Atouguia juntou cerca de duas centenas de pessoas que visitaram as mais de uma dezena de adegas da freguesia do concelho de Ourém. António Ferreira e José Manuel Amaro são dois dos produtores que mantêm a tradição.

A 19ª edição da Rota das Adegas de Atouguia juntou mais de duas centenas de pessoas nas ruas da freguesia do concelho de Ourém num clima de festa e boa disposição. O evento decorreu no dia 24 de Fevereiro e contou com a visita a 15 adegas e com a animação musical do Grupo de Concertinas da Barrenta. A iniciativa terminou com um jantar de convívio no salão da igreja da freguesia.
Luís Albuquerque, presidente da Câmara de Ourém, falou a O MIRANTE sobre a importância do associativismo para a dinâmica cultural do concelho. “Este tipo de iniciativas é muito importante para dar vida às freguesias do concelho. O associativismo é uma das grandes riquezas que o concelho tem. As associações são a alma das freguesias e as autarquias devem procurar apoiar para que possam continuar as suas tradições”, afirmou o autarca. “Além da rota das adegas proporcionar o convívio, é uma tradição que deve ser preservada porque dá a conhecer a produção vinícola da nossa região”, acrescentou Luís Albuquerque.
António Ferreira e José Manuel Amaro são produtores e proprietários de adegas que herdaram dos pais. António Ferreira dedica-se à produção de vinho branco, tinto e abafado enquanto José Manuel Amaro produz apenas vinho tinto. António Ferreira herdou a adega e as vinhas do pai e do sogro há 35 anos. José Amaro dedica-se à actividade há seis anos quando o pai deixou de ter capacidade para seguir com a produção.
Apesar de defenderem que é importante manter viva a tradição lamentam que não haja interesse por parte dos mais novos na produção vinícola. Com tristeza afirmam não acreditar no futuro de tradições como a Rota das Adegas de Atouguia pela falta de interesse da população. Questionados sobre o segredo para a produção de um bom vinho caseiro, acreditam que o rigor, qualidade dos equipamentos e das uvas são os factores mais determinantes. No entanto, em jeito de brincadeira, desmentem a ideia de que o vinho caseiro não dá ressaca. “Tudo o que tem álcool dá ressaca. O truque é saber beber”, avisa António Ferreira.
António Ferreira e a esposa, Rosa Ferreira, afirmam que vão continuando a produção pelo gosto e pelo prazer que dá fazer a vindima. “Costumamos reunir cerca de 16 a 18 pessoas, amigos e família. Leva o dia todo mas é divertido e não nos custa muito” explica Rosa Ferreira. José Manuel Amaro afirma que é sempre um dia difícil, a todos os níveis. “É muito duro. Por norma somos cerca de 30 pessoas e o trabalho fica feito de manhã. A tarde fica reservada para almoçar e conviver. Mas é muito exigente fisicamente”, diz. Sobre a actividade, José Manuel Amaro lamenta os elevados custos associados e a falta de partilha e convívio entre produtores da freguesia. “Há várias adegas e muitos produtores em Atouguia. Antigamente ainda se juntavam a debater ideias mas hoje isso não existe. Está cada um no seu canto”, lamenta.

António e Rosa Ferreira têm adegas há 35 anos
José Amaro dedica-se à vinha há seis anos continuando o legado do seu pai e avô

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