Cultura | 23-03-2024 18:00

“O 25 de Abril e as Mulheres” na Sociedade Operária de Santarém

“O 25 de Abril e as Mulheres” na Sociedade Operária de Santarém
José Louza, Amélia Resende, Maria Jorgete Teixeira e Guadalupe Portelinha estiveram no debate na S.R.O de Santarém

Igualdade de direitos e oportunidades, conflitos sociais e despenalização do aborto foram alguns dos assuntos debatidos na iniciativa “O 25 de Abril e as Mulheres”, promovido pela Sociedade Recreativa Operária de Santarém.

Reflectir sobre o posicionamento das mulheres na sociedade antes e depois do 25 de Abril de 1974 foi o grande objectivo da iniciativa “O 25 de Abril e as Mulheres”, que se realizou no âmbito do Dia Internacional da Mulher, na sede da Sociedade Recreativa Operária de Santarém.
Guadalupe Portelinha, vice-presidente da Associação José Afonso, moderou o debate e começou por destacar as conquistas alcançadas nos últimos 50 anos. Depois de 1974 passou a ser possível às mulheres votar e ser eleitas para cargos. Dois anos depois foi abolido o direito do marido de abrir a correspondência da mulher e em 1978 a mulher casada deixou de ter o estatuto de dependência do marido.
Maria Jorgete Teixeira, dirigente da União de Mulheres Alternativa e Resposta, foi uma das participantes no debate, tal como Amélia Resende e José Louza. O dia 8 de Março representa a luta pela igualdade de direitos e oportunidades, por melhores condições de vida, contra o domínio do patriarcado e contra a violência exercida sobre as mulheres. “Menorizadas e subalternizadas ao longo dos tempos. Tomadas por vadias, putas ou bruxas sofreram a repressão do poder patriarcal ancorado na religião. Subjugadas por ideologias conservadoras e moralistas”, afirmou a dirigente. “As mulheres consideradas o pilar da família eram destinadas a serem esposas e mães perpetuando nos filhos a ideologia fascista”, acrescentou Maria Jorgete Teixeira. Maria de Lurdes Pintasilgo, que chefiou durante seis meses o quinto Governo Constitucional, também mereceu destaque na intervenção da dirigente. Contudo, como a própria indicou, alguns estereótipos continuam a marcar a valorização dos cargos das mulheres, sublinhando igualmente que é necessário lutar contra os assassinatos, contra o assédio sexual e moral e exigir respostas públicas para incremento de serviços de saúde.
Amélia Resende, natural de Angola, coautora do livro “Exílios no feminino”, contou sobre a sua experiência no exílio e o seu retorno a Portugal. Foi para Paris em 1971 onde trabalhou com associações de emigrantes. Regressada a Portugal envolveu-se na luta pelos direitos das mulheres. Professora durante várias décadas, já aposentada, trabalha também com o Movimento Liberdade e Pensamento Crítico. José Louza, sócio da Associação de Exilados Políticos Portugueses (AEPP), ligado há vários anos à participação cívica, foi o último a intervir. Relembrou o episódio em 1962 no qual foi proibido o Dia do Estudante.

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