Cultura | 30-03-2024

Nas aulas de português para estrangeiros em Salvaterra o ensino também é um divertimento

1 / 3
Nas aulas de português para estrangeiros em Salvaterra o ensino também é um divertimento
2 / 3
Nas aulas de português para estrangeiros em Salvaterra o ensino também é um divertimento
3 / 3
Nas aulas de português para estrangeiros em Salvaterra o ensino também é um divertimento

As aulas de Português para estrangeiros promovidas pelo município de Salvaterra de Magos estão a ter cada vez mais adesão, existindo actualmente duas turmas de 13 e uma de oito alunos. O MIRANTE assistiu a uma aula e falou com alunos que dizem que a aprendizagem é sempre melhor quando se junta o divertimento e a boa disposição.

As aulas de Português para estrangeiros dinamizadas pelo município de Salvaterra de Magos surgiram para dar resposta aos refugiados vindos da Ucrânia após o início do conflito com a Rússia em Fevereiro de 2022. Muitos ucranianos regressaram ao país, segundo a vereadora com os pelouros da Cultura e Educação, Helena Neves, mas o projecto colocou a descoberto uma comunidade de imigrantes de vários pontos do mundo que garante a sua continuidade. O MIRANTE assistiu a uma das aulas na Universidade Sénior de Salvaterra de Magos, onde os alunos confessam que o ensino é muito mais interessante quando aliado ao divertimento e boa disposição.
Às quatro da tarde de uma terça-feira, sete alunos, maioritariamente mulheres, esperavam ansiosamente junto à sala para mais uma aula com a professora Ana Catarina Delgado. O grupo, de português avançado, estranhou a presença da jornalista de O MIRANTE, mas rapidamente se colocou à vontade para questões, sem ter medo de errar o português. Ana Catarina Delgado conta que começam por aprender os cumprimentos como o “bom dia”, por se apresentarem e apresentarem alguém, treinando os pronomes pessoais. Em algumas aulas aproveitam o mercado municipal, mesmo ao lado da universidade, e as bancas vazias para simular compras. Na resolução da ficha de trabalho “Eu e a minha rotina diária”, que pedia para reescreverem as frases colocando-as na negativa e no plural, deu para perceber quem era o aluno mais falador, que conseguimos entrevistar em português. “As pessoas têm o hábito de falar inglês, mas assim não treinam”, alerta a professora.
Louis Drost, holandês de 63 anos, vendeu tudo na Holanda, onde trabalhou no ING Bank, o maior banco dos Países Baixos, e construiu a sua casa em Foros de Salvaterra há 14 anos, por recomendação de um amigo daquela localidade do concelho de Salvaterra de Magos. Espanha não o agradou para a compra de um lote e Portugal sabe receber como ninguém, referindo-se às pessoas como muito sociais e calorosas, embora pouco pontuais, acrescenta em jeito de brincadeira. Integrar-se nunca foi problema e até já foi presidente da comissão de festas dos Foros de Salvaterra. “Primeiro sou forense e só depois holandês”, afirma, com um sorriso. Para se integrar, o ex-bancário fotografa em eventos do concelho e criou um grupo no Facebook – “Diversas Actividades do Povo Forense” – para partilhar o trabalho. Ao contrário da esposa, reformada e muito caseira, prefere sair e conhecer bares e restaurantes, sendo já um fã de enguias e da gastronomia portuguesa que, ao contrário da holandesa, “não mete molhos em tudo”. Um dia caminha, outro anda de bicicleta, também cuida da horta e vai à pesca com amigos.

Uma língua difícil de aprender
Ao lado de Louis Drost sentou-se a ugandesa Nalubwana Proscovia, de 31 anos. Está há quase quatro anos a viver em Marinhais, arranjou um namorado português e trabalha a cuidar de crianças numa casa de família tendo concorrido ao programa Au Pair, auferindo, pelo menos, o salário mínimo nacional. Estudou jardinagem no Uganda e esteve um ano a cuidar de crianças na Finlândia. Há ano e meio nas aulas de português, afirma que a língua é difícil e que ainda se está a adaptar à comida tendo curiosidade com o marisco, que não há no Uganda, que está entre os países mais pobres do mundo. A família de dois irmãos e os pais já idosos não querem sair de África. “Para se fazer alguma coisa em Portugal tem de se saber português, o primeiro ano foi muito difícil”, refere a jovem, que também gosta de trabalhar com idosos.
As aulas de português para estrangeiros estão a ter cada vez mais adesão. A 11 de Janeiro deste ano iniciou-se uma turma de 13 alunos, em regime pós-laboral, no Espaço Jackson, em Glória do Ribatejo, menos diversificada e com alunos do Bangladesh, Índia e Paquistão. Em Salvaterra de Magos existem duas turmas de 13 e de oito alunos.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1674
    24-07-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1674
    24-07-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo