Cultura | 08-04-2024 21:00

O trigo que faz parte da história da Semana Santa no Sardoal

O trigo que faz parte da história da Semana Santa no Sardoal
Adriano Martins quer seguir a tradição do trigo louro semeado pelo avô, José Martins

José Martins produz há três décadas trigo em cerca de 40 vasos na cave da sua casa, que cresce no escuro para que fique louro.

Os vasos de trigo enfeitam todos os anos a igreja matriz durante a Semana Santa do Sardoal. Aos 86 anos é o único a fazê-lo, mas parece que a tradição vai ter continuidade com o seu neto. A Semana Santa do Sardoal com sete séculos de história decorreu este ano pela primeira vez com a classificação nacional de Património Cultural Material e Imaterial.

José Martins é o responsável por quatro dezenas de vasos de trigo louro, que semeia de propósito há 30 anos para embelezar a igreja matriz do Sardoal durante a semana santa. Aos 86 anos, o carpinteiro reformado continua a dar o seu contributo à festa e encontrámo-lo com o seu neto, Adriano Martins, a contemplar a sua obra à espera da visita dos autarcas e convidados para o início das festividades pascais.
Quinze dias antes do início das festividades vai à cave da sua casa onde construiu uma prateleira e colocou vasos de barro, nos quais semeia o trigo, que fica a crescer no escuro. Como não apanha sol fica louro. “Vi um senhor que fazia algo semelhante e comecei a fazer. Agora sou o único. É o meu contributo para ajudar nesta festa que é tão importante para os sardoalenses”, conta a O MIRANTE. José Martins tem esperança que o seu neto dê continuidade ao seu trabalho. Adriano Martins garante que o futuro está assegurado.
O contributo de José Martins é importante para uma festa que leva milhares de pessoas a uma terra que durante o ano vive na pacatez de uma pequena vila do interior. O presidente da câmara, durante a visita às 19 capelas e igrejas ornamentadas com tapetes feitos de flores, destaca a relevância da semana santa, que obteve em Dezembro a classificação nacional de Património Cultural Material e Imaterial, e o empenho dos habitantes. “Esta é uma tradição que os sardoalenses tão bem têm sabido manter ao longo dos séculos”, elogia Miguel Borges.
A tradição das capelas enfeitadas com tapetes de flores remonta há 700 anos aquando da visita da Rainha Santa Isabel. Como não havia tapetes ricos a população criou tapetes floridos. Há cerca de 22 anos o município criou um projecto em que os alunos dos segundos e terceiros ciclos participam na confecção dos tapetes. Desta forma “temos a garantia que as próximas gerações vão manter esta tradição”, diz o autarca. A vice-presidente do Turismo do Centro, Anabela Freitas, que foi presidente da Câmara de Tomar, explica a O MIRANTE que a entidade iniciou uma campanha relacionada com a promoção da Páscoa na zona centro do país. A dirigente refere que se pretende desenvolver um produto turístico, que apesar de ser religioso é cada vez mais atractivo. “Mesmo quem não é crente tem interesse em visitar o património e o lado cultural, por exemplo, de uma manifestação única como é esta no Sardoal”, sublinha.
Na visita às capelas e igrejas, na quinta-feira, 28 de Março, que marcou o início da semana santa, marcaram também presença o presidente da Agência Regional de Promoção Externa do Centro de Portugal, Pedro Machado, e o presidente do município vizinho de Mação, Vasco Estrela.

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